Enem dos concursos tem alta taxa de abstenção, superior a 50%

Realizada neste domingo (18), a primeira edição do Concurso Nacional Unificado foi marcada por uma taxa de abstenção significativa, estimada entre 52% e 53%, além de um tema de redação considerado complexo por especialistas, o que pode ter impactado negativamente a nota de muitos candidatos.

Conhecido como o “Enem dos concursos”, o certame atraiu mais de 2,1 milhões de inscritos, competindo por 6.640 vagas distribuídas em 21 órgãos do governo federal. As provas foram aplicadas em 228 cidades, incluindo todas as capitais, com um total de 3.647 locais de aplicação e 72.041 salas.

Ao final do dia, a ministra da Gestão, Esther Dweck, estimou que aproximadamente um milhão de candidatos compareceram para realizar as provas. Relatos nas redes sociais indicaram que muitas salas estavam com várias cadeiras vazias. O número oficial de participantes será divulgado ainda nesta segunda-feira (19).

– Está dentro da nossa expectativa, comparando com outros concursos públicos dessa magnitude – declarou a ministra.

– Foi uma surpresa positiva, considerando a grandeza do concurso. Devemos lembrar que estamos lidando com pessoas que, provavelmente, nunca participaram de um concurso federal antes – acrescentou ela.

O Distrito Federal registrou a menor taxa de abstenção, enquanto o Ceará teve a maior, embora os percentuais exatos não tenham sido divulgados pela ministra.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) visitou o centro de monitoramento do concurso, montado pelo ministério em Brasília, e destacou que o papel do Estado é “colocar pessoas que atendam a sociedade com muito respeito”.

REDAÇÃO

Os candidatos foram divididos em oito blocos, organizados por cargos e especialidades. A prova de redação foi aplicada apenas aos inscritos no bloco 8, voltado para cargos de níveis médio e técnico. De caráter eliminatório, a redação valia 100 pontos.

Segundo especialistas, embora a prova exigisse um texto dissertativo-argumentativo, similar ao formato das redações do Enem, que geralmente abordam temas sociais e avaliam o papel do Estado na resolução de problemas, o tema deste concurso foi considerado particularmente desafiador.

A professora de Língua Portuguesa Joana Melo observou que o tema da redação envolvia múltiplos eixos – educação, progresso científico e tecnológico, desigualdade econômica e desenvolvimento social –, exigindo que o candidato abordasse todos esses aspectos de maneira integrada, propondo uma solução para os problemas.

– O candidato pode acabar se concentrando excessivamente em apenas um desses eixos, como educação ou progresso científico e tecnológico, ou focar apenas nas desigualdades socioeconômicas, sem conseguir estabelecer uma conexão entre esses temas, visando à redução das desigualdades – explicou Pedro Lima, professor de gramática, redação e interpretação de textos.

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Bruno Rigacci

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