Governador desiste de transferir Cracolândia para o Bom Retiro após polêmica

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), anunciou nesta quinta-feira (20) que desistiu da proposta de tentar transferir o fluxo de usuários de drogas da Cracolândia para o Bom Retiro, região central da cidade. A ideia inicial, que havia sido anunciada na terça-feira (18), gerou reclamações de comerciantes da região e críticas de especialistas em segurança pública.

A mudança de rota foi confirmada após o governador fazer um sobrevoo na região central de São Paulo, nas proximidades das ruas Gusmões, Vitória, Santa Ifigênia e Avenida Rio Branco, onde está localizado atualmente o fluxo de dependentes químicos. A proposta era direcionar os usuários para o Complexo Prates, equipamento municipal que atende a população em situação de rua e dependentes químicos, no final da rua Prates, no Bom Retiro.

No entanto, a medida recebeu críticas de especialistas e do prefeito Ricardo Nunes (MDB), que afirmou não ter sido consultado sobre o tema e falou em um “mal-entendido” com Tarcísio de Freitas. O prefeito destacou que a discussão deveria ser sobre um direcionamento para atendimento público das pessoas, em vez de uma remoção da Cracolândia.

Antes da alteração, a proposta já havia sido alvo de questionamentos por parte da antropóloga Deborah Fromm, pesquisadora do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), que considerou a abordagem como uma continuação dos erros cometidos por governos anteriores ao tratar a Cracolândia de forma isolada.

A região do Complexo Prates já enfrenta problemas como imóveis vazios e sensação de insegurança entre moradores e comerciantes. Líderes comunitários relatam que o local é conhecido pelos moradores como uma “zona proibida”, evitada principalmente à noite devido à sensação de insegurança.

Essa foi a segunda tentativa de remover o fluxo de dependentes químicos do centro da cidade. Na semana anterior, a Polícia Militar, Polícia Civil e a GCM conduziram o fluxo da Rua dos Gusmões até a ponte Orestes Quércia, na Marginal do Tietê, em uma ação que não surtiu o efeito desejado, e os usuários retornaram ao centro.

O Governo de SP informou que está ampliando as ações sociais e de saúde para o atendimento aos usuários de drogas na região central da Capital, buscando alternativas humanizadas para o tratamento e redução das cenas abertas de uso na região. O HUB Cuidados em Crack e Outras Drogas foi implantado em abril deste ano, realizando mais de 5 mil atendimentos desde então, oferecendo uma série de ações para o cuidado integral dessa população. A gestão estadual também disponibiliza leitos de retaguarda para a internação e tratamento dos pacientes, bem como vagas em comunidades terapêuticas para auxiliar no processo de recuperação e reinserção na sociedade.

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Bruno Rigacci

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