Presidente Lula enfrenta desafios na articulação política, mas comemora avanços econômicos
Enquanto enfrenta problemas na articulação política, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem encontrado um refresco nas boas notícias na seara econômica e no desempenho da equipe composta por Fernando Haddad (Fazenda), Simone Tebet (Planejamento), Esther Dweck (Gestão) e também por seu vice e ministro, Geraldo Alckmin (Desenvolvimento, Indústria e Comércio).
Após muita desconfiança na época em que foi indicado para comandar a economia no terceiro governo Lula, Haddad tem sido cada vez mais bem-visto por agentes do mercado e políticos de fora da base petista. O ministro da Fazenda frequentemente se encontra com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), em suas residências oficiais, além de receber líderes partidários para cafés na pasta.
A atuação do titular da Fazenda foi bem avaliada, inclusive, por Lira, que chegou a sugerir Haddad para o comando da articulação política. A ideia seria que o ex-prefeito de São Paulo ficasse no lugar de Rui Costa na Casa Civil.
Fontes ouvidas pelo Metrópoles no Ministério da Fazenda indicam que a equipe de Haddad recebeu a notícia da sugestão de Lira sem sobressaltos. O paulista já teria sido cogitado para um cargo palaciano no início do atual governo, mas declinou, optando pelo comando da principal pasta econômica.
Além de Haddad, Tebet é reconhecida entre políticos e, por sua condição de ex-senadora, mantém contato próximo aos ex-colegas. Dweck é considerada um quadro mais técnico, mas tem sido vista como igualmente habilidosa no trato com autoridades e políticos.
A negociação do reajuste aos servidores públicos foi fruto de concordância da equipe, que acalmou a base do funcionalismo público sem gerar um problema fiscal maior.
Enquanto enfrenta dificuldades na articulação política, o governo Lula comemora avanços na economia, o que tem sido destacado em suas comunicações e discursos. Dados positivos como o valor do dólar, geração de empregos, inflação e PIB têm dado um certo alívio ao governo.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Produto Interno Bruto (PIB) do país teve um avanço de 1,9% no primeiro trimestre de 2023 em relação ao trimestre anterior, superando as expectativas do mercado. O crescimento também foi de 4% em comparação com o mesmo período do ano anterior, e de 3,3% nos últimos 12 meses.
A inflação no Brasil também registrou números positivos, fechando maio com a menor taxa em quase três anos. O IPCA acumulado em 12 meses até maio ficou em 3,94%, o mais baixo desde outubro de 2022. Em maio, a inflação subiu 0,23%, abaixo das expectativas.
O governo também celebrou a redução nos preços dos combustíveis, resultado da mudança na política de preços da Petrobras. A gasolina teve uma redução de R$ 0,40 no preço do litro, enquanto o gás de cozinha teve uma queda de 21,3% em seu valor médio. Lula ainda assinou um decreto para garantir o pagamento de adicional de 50% no Auxílio Gás até dezembro de 2023.
Apesar dos avanços na economia, o cientista político Rui Tavares Maluf ressalta que é cedo para atribuir todos os resultados ao governo Lula, destacando a influência de ciclos econômicos globais. No entanto, ele reconhece a atuação da equipe econômica, que tem demonstrado organização, capacidade de diálogo e resistência a medidas voluntaristas que poderiam prejudicar a economia.
Enquanto o governo comemora os avanços na economia, continua enfrentando desafios na articulação política e sofrendo dificuldades para aprovar suas pautas no Congresso. A estratégia de focar na área econômica tem sido uma forma de tentar melhorar a percepção da população sobre o governo. No entanto, é importante ressaltar que os resultados econômicos não necessariamente refletem decisões exclusivas do governo Lula, mas são influenciados por diversos fatores internos e externos.