Em uma coluna publicada no jornal O Globo neste sábado (10), o renomado apresentador Carlos Alberto Sardenberg fez uma análise contundente sobre o governo do presidente Lula (PT), afirmando que o mesmo está “bem perdido” na busca por apoio no Congresso e recorrendo a meios questionáveis para formar maiorias em projetos governistas, como a venda de cargos e emendas.
No texto intitulado “maiorias compradas”, Sardenberg destacou a importância de um governo de coalizão possuir um “núcleo duro” no Parlamento, ou seja, alguns partidos que compartilhem de um programa comum com o Executivo em relação a temas nacionais, como a reforma tributária ou o meio ambiente, por exemplo.
Segundo o jornalista, esse núcleo não precisa necessariamente representar a maioria no Congresso, mas deve ser forte o suficiente para atrair outros partidos e formar maiorias, mesmo que caso a caso.
Entretanto, Sardenberg observou que o governo Lula está enfrentando dificuldades nesse aspecto. O jornalista ressaltou que não há um núcleo duro tanto no grupo de partidos que supostamente estão no governo, quanto dentro do próprio PT, havendo divergências importantes em questões essenciais.
Um exemplo mencionado por Sardenberg é a questão ambiental e a exploração de petróleo, que têm sido alvo de disputas internas no governo e parecem estar longe de um consenso. Ele destacou o embate entre a Petrobras, controlada pelo PT e interessada em explorar o petróleo da Margem Equatorial, e o Ibama, controlado pela ministra Marina Silva, da Rede, aliada do PT, que negou licença para a exploração inicial de um poço no litoral do Amapá.
O jornalista ainda apontou que há a percepção de que o próprio Lula está interessado na exploração do petróleo, ao mesmo tempo em que tenta “mostrar ao mundo credenciais ambientalistas”. Essa aparente contradição contribui para a desorientação do governo em suas propostas e, consequentemente, sua dificuldade em se estabelecer no Congresso.
Assim, segundo Sardenberg, o governo Lula tem recorrido à estratégia de comprar apoio no Congresso por meio da distribuição de emendas e cargos, a fim de alcançar as maiorias necessárias para a aprovação de seus projetos. Essa abordagem, no entanto, levanta questionamentos sobre a forma como as decisões políticas estão sendo conduzidas e a influência do poder econômico sobre o processo democrático.
A análise de Carlos Alberto Sardenberg reflete as preocupações e debates em torno da governabilidade e da construção de maiorias no sistema político brasileiro. O tema permanecerá em destaque, à medida que o governo Lula busca consolidar seu programa e enfrenta os desafios inerentes à negociação política em um ambiente de diversidade partidária.
