A absurda pergunta que Toffoli “encomendou” para Daniel Vorcaro
Daniel Vorcaro, dono do Banco Master, prestou depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (30) e respondeu a questionamentos do ministro Dias Toffoli sobre a atuação do Banco Central (BC) na fiscalização da instituição. As perguntas foram encaminhadas por escrito e apresentadas por um juiz auxiliar, já que Toffoli não participou diretamente da audiência.
O interrogatório contou com a presença da Polícia Federal e do Ministério Público Federal e integra a investigação sobre fraudes envolvendo a carteira de crédito vendida pelo Banco Master ao Banco de Brasília (BRB), operação que resultou no repasse de R$ 12,2 bilhões. Além de Vorcaro, também foram ouvidos Paulo Henrique Costa, ex-presidente do BRB, e Ailton de Aquino Santos, diretor do Banco Central.
Relator do processo, Toffoli concentrou seus questionamentos na atuação do BC, buscando apurar se o órgão regulador agiu com a “celeridade necessária” entre a identificação dos primeiros indícios de irregularidades e a liquidação da instituição, ocorrida em novembro. O ministro questionou ainda se houve eventual falha no “dever de supervisão prudencial” e se o BRB foi alertado previamente sobre problemas nas carteiras de crédito negociadas.
Segundo o STF, as perguntas tiveram como objetivo “avaliar a eficácia da supervisão do Banco Central”, a “tempestividade de sua atuação” e verificar “se houve demora injustificada do regulador que permitiu a continuidade da fraude”. Somente após essa etapa, a inquirição avançou para os detalhes do esquema investigado, que, de acordo com as apurações, teria utilizado empresas sem movimentação financeira para simular a concessão de créditos.
Outro ponto abordado no depoimento foi a reunião virtual de cerca de 40 minutos entre Vorcaro e o diretor do BC, Ailton de Aquino Santos, realizada horas antes da prisão do banqueiro. No encontro, Vorcaro informou ao Banco Central que havia negociações em andamento “na busca de uma solução de mercado para o Conglomerado Master”, conforme registro oficial que posteriormente foi utilizado pela defesa para embasar um pedido de habeas corpus.
O juiz auxiliar questionou quem havia solicitado a reunião, se Vorcaro comunicou a intenção de viajar ao exterior e se tinha conhecimento de que o registro do encontro seria produzido e poderia ser usado em sua defesa judicial.
Vorcaro foi preso no mesmo dia da reunião, por volta das 22h, no aeroporto internacional de Guarulhos, quando tentava embarcar em um jato particular com destino a Malta. A prisão levantou suspeitas de tentativa de fuga do país e intensificou o debate sobre a condução do caso e o papel das autoridades de supervisão financeira.





