Depois de 70 anos, multinacional com 9 mil funcionários fecha fábrica no Brasil
Uma fábrica de materiais para isolamento térmico e acústico da Isover, empresa integrante do Grupo Saint-Gobain, terá suas atividades industriais encerradas em Santo Amaro, na zona sul da cidade de São Paulo. O fechamento está previsto para ocorrer até 31 de julho de 2026 e foi formalizado por meio de um acordo firmado com o Ministério Público e a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
Segundo informações divulgadas pelo jornal O Estado de S. Paulo, o Grupo Isover confirmou a assinatura do Termo de Ajuste de Conduta (TAC), que estabelece o cronograma para o encerramento da produção no local, atendendo às exigências das autoridades ambientais.
Presente em 39 países, a Isover emprega mais de 9 mil pessoas e mantém cerca de 60 fábricas distribuídas em 28 nações. No Brasil, entretanto, a desativação da unidade paulista deverá impactar diretamente mais de 100 famílias de trabalhadores, além de gerar reflexos sobre um número significativo de empregos indiretos ligados à operação.
A decisão ocorre após anos de reclamações de moradores da região, que relataram problemas associados à poluição atmosférica e sonora. Entre as principais queixas estão episódios recorrentes de forte odor, emissão de fumaça densa e ruídos constantes provenientes da planta industrial. De acordo com relatos da comunidade, os impactos incluíam dificuldades respiratórias, irritações na pele, ardência nos olhos e incômodo sonoro, especialmente durante o período noturno.
Conforme previsto no TAC, assinado em 22 de dezembro, a produção de lã de vidro deverá ser interrompida até 4 de julho de 2026. Já o forno de fusão de vidro — apontado como a principal fonte das emissões — terá seu funcionamento encerrado até 31 de julho do mesmo ano. Após essa data, o local deixará de ter caráter industrial e passará a operar exclusivamente como centro de distribuição dos produtos fabricados pela empresa em outras unidades.
Os materiais produzidos pela Isover são amplamente utilizados em setores estratégicos da economia, como construção civil, indústria automotiva, agronegócio e infraestrutura de data centers, o que evidencia a relevância da marca no mercado nacional e internacional.
Em nota, o Grupo Isover afirmou que atua no local há mais de 70 anos “em conformidade com a legislação e atendendo aos critérios de sustentabilidade e segurança da saúde humana estabelecidos por entidades nacionais e internacionais”. A empresa informou ainda que implementou um Plano de Melhoria Ambiental, com investimentos em isolamento acústico, tecnologias para redução da emissão de vapor de água e ações de diálogo com a comunidade.
De acordo com a companhia, o período de seis meses previsto no acordo será utilizado para mitigar os impactos sociais da desativação. Até o encerramento definitivo das atividades, o TAC também determina a gestão adequada das áreas contaminadas, incluindo o tratamento e a destinação correta dos resíduos existentes. O futuro uso da área seguirá em discussão entre autoridades públicas e moradores da região.





