Jornal Nacional critica ministro Dias Toffoli e sinaliza mudança de postura da Rede Globo
A Rede Globo dedicou quase seis minutos do Jornal Nacional a críticas direcionadas ao ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), em reportagem que repercutiu fortemente nos meios político e jurídico. O destaque dado pelo principal telejornal do país foi interpretado como um movimento incomum da emissora em relação a integrantes da mais alta Corte do Judiciário.
O foco da reportagem foi a possibilidade de reversão da liquidação do Banco Master, cenário que, segundo especialistas ouvidos, poderia comprometer a credibilidade técnica do Banco Central. No entanto, analistas avaliam que a preocupação da emissora vai além do impacto institucional e reflete um contexto mais amplo de desgaste das instituições brasileiras.
Críticos apontam que a própria grande imprensa, incluindo a Rede Globo, teve papel relevante na construção do ambiente político e institucional que o país atravessa atualmente, ao longo dos últimos anos. Ainda assim, o novo tom adotado pela emissora é visto como um possível divisor de águas no debate público.
Apesar de considerado tardio por alguns observadores, esse reposicionamento da Globo pode ter influência significativa nos próximos desdobramentos políticos e judiciais. A mudança ocorre em meio ao aumento das críticas públicas à conduta de autoridades e à relação entre poder político, econômico e judicial.
Nesse contexto, voltou a circular uma declaração recente do senador Alessandro Vieira (MDB-SE), que fez duras críticas ao comportamento de integrantes das altas cortes. Sem citar nomes diretamente, o parlamentar afirmou:
“Nós temos ministros que acham normal, cotidiano, caronas em jatinho, jatinho pago pelo crime organizado, notoriamente pelo crime organizado, não é surpresa. ‘Descobri hoje que era crime organizado’. Não, o cara sabe que é crime organizado, entra no jatinho, vai para uma viagem paga pelo crime organizado, acessa um evento de luxo pago pelo crime organizado, se hospeda, come, bebe, pago pelo crime organizado, e retorna a Brasília para julgar na nossa Corte Superior”.
Em outra declaração, o senador ampliou o tom crítico ao mencionar precedentes históricos no país:
“Este é um país que já teve Presidente preso, que já teve ministro preso, Senador preso, Deputado preso, Governador preso, Prefeito, Vereador, mas ainda não teve ministro dos tribunais superiores. E me parece que este momento se avizinha.”
As falas reacenderam o debate sobre accountability, transparência e limites éticos no Judiciário, especialmente em um momento de forte tensão institucional. Até o momento, o ministro Dias Toffoli e o STF não se manifestaram oficialmente sobre as críticas veiculadas no Jornal Nacional nem sobre as declarações do senador.
O episódio reforça a percepção de que o país atravessa um período de reacomodação de forças, no qual imprensa, Judiciário e classe política passam a ser mais intensamente questionados pela opinião pública.





