Após visita de Moraes ao SBT, escândalo que ocorreu durante eleições de 2022 é finalmente “explicado”

O senador Eduardo Girão (Novo-CE) criticou duramente a participação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), na inauguração do canal SBT News. Para o parlamentar, a presença do magistrado no evento reforça um padrão de excessiva exposição midiática que, segundo ele, não é compatível com a função constitucional exercida por integrantes da mais alta Corte do país.

Em discurso, Girão afirmou que ministros do STF deveriam adotar uma postura mais discreta, semelhante ao comportamento observado em Cortes Supremas de outros países. Na avaliação do senador, aparições frequentes na mídia e concessão de entrevistas comprometem a imagem de imparcialidade do Judiciário.

“É completamente incompatível com a função constitucional de ministro da mais alta Corte da Justiça esse nível de ativismo, com constantes aparições públicas, concedendo entrevista como se fosse um ‘pop star’. Está tudo errado. Vem preponderando a vaidade exacerbada. Você não vê isso em nenhum país; você vê discrição nas Cortes Supremas internacionais”, afirmou.

Ao comentar especificamente o lançamento do SBT News, Girão também direcionou críticas ao ex-ministro das Comunicações Fábio Faria, que integra a gestão do novo canal e é casado com Patrícia Abravanel, uma das herdeiras do grupo de comunicação fundado por Silvio Santos.

Durante o pronunciamento, o senador relembrou o episódio que ficou conhecido como “radiolão”, ocorrido durante as eleições de 2022. Segundo Girão, Fábio Faria teve papel central na denúncia inicial de um suposto boicote à veiculação de propagandas eleitorais do então presidente Jair Bolsonaro em rádios do Norte e Nordeste, mas posteriormente teria recuado.

De acordo com o senador, esse recuo acabou por aliviar a responsabilidade do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que na época era presidido por Alexandre de Moraes, e teria prejudicado Bolsonaro no processo eleitoral.

“O caso foi tão grave que realizamos uma audiência pública no Senado que durou quase 12 horas, ouvindo os perseguidos políticos do Brasil. Na época, Fábio Faria inicialmente foi quem apresentou todas as planilhas de controle que mostravam a não veiculação de milhares de inserções — dizem até que foi 1 milhão — de propaganda eleitoral do Bolsonaro nas rádios do Norte e Nordeste do país, beneficiando apenas o Lula, desequilibrando o pleito”, declarou Girão.

O senador acrescentou que, dias depois, Fábio Faria teria mudado de posição, atribuindo o problema à falta de fiscalização do partido, o que, segundo Girão, minimizou a responsabilidade do TSE no episódio.

As declarações reacendem o debate sobre os limites da atuação pública de ministros do Supremo e a relação entre Judiciário, política e mídia, tema que segue gerando controvérsia no cenário institucional brasileiro.

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Bruno Rigacci

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