Estadão afirma que Moraes ligou seis vezes para presidente do BC em um dia para tratar de venda do Banco Master

O jornal O Estado de S. Paulo (Estadão) afirmou que o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, chegou a telefonar seis vezes no mesmo dia para o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, para tratar do andamento da operação de compra do Banco Master pelo Banco de Brasília (BRB).

Segundo a reportagem, a série de telefonemas integra um conjunto de ao menos cinco conversas entre Moraes e Galípolo sobre o tema, sendo uma delas presencial. As informações teriam sido obtidas com pessoas do meio jurídico e do mercado financeiro que ouviram relatos, inclusive, de um dos envolvidos.

De acordo com o Estadão, o teor e a frequência dos contatos indicariam uma pressão direta do ministro sobre a autoridade monetária no período em que o Banco Central analisava a operação que poderia evitar a liquidação do Banco Master, instituição ligada ao empresário Daniel Vorcaro. O banco acabou sendo liquidado pelo BC em 18 de novembro, sob suspeita de fraudes estimadas em R$ 12,2 bilhões.

A reportagem destaca ainda que a esposa de Alexandre de Moraes, Viviane Moraes, teria firmado um contrato de R$ 129 milhões para representar o Banco Master em Brasília, inclusive junto ao Banco Central.

Segundo o jornal, essas informações contradizem as versões oficiais divulgadas na terça-feira, dia 23. Em nota, Moraes afirmou que os contatos e reuniões com Galípolo tiveram como objetivo exclusivo tratar dos efeitos da Lei Magnitsky, legislação norte-americana que impõe sanções internacionais. Já o Banco Central confirmou que houve conversas sobre o tema das sanções, mas não afirmou que o assunto foi tratado de forma exclusiva.

A existência de contatos fora da agenda oficial havia sido revelada inicialmente pela colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo, que apontou ao menos quatro encontros, sendo um presencial. O Estadão afirma ter confirmado a ocorrência de cinco conversas, incluindo uma reunião presencial.

Ainda conforme a matéria, a atuação de Moraes junto ao presidente do Banco Central ocorreu em um momento de divisão interna na autarquia sobre a aprovação ou rejeição do negócio. O ministro teria reiterado a Galípolo argumentos utilizados por Daniel Vorcaro, segundo os quais grandes bancos seriam contrários à atuação do Master por receio de concorrência no mercado financeiro.

A compra do Banco Master pelo BRB foi anunciada no fim de março e acabou sendo rejeitada pelo Banco Central em 3 de setembro. Alexandre de Moraes foi incluído nas sanções da Lei Magnitsky em 30 de julho, enquanto sua esposa passou a ser alvo da legislação em 22 de setembro.

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Bruno Rigacci

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