Globo se insurge contra Moraes, cobra explicações, mas agora é tarde
Um contrato milionário firmado entre o escritório da advogada Viviane Barci de Moraes, esposa do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, e o Banco Master passou a ocupar o centro de um intenso debate público e midiático. Apesar da repercussão, nem o magistrado nem a advogada se manifestaram até o momento sobre o caso.
As informações vieram à tona a partir de reportagens publicadas pelo jornal O Globo, que revelaram a existência de um contrato estimado em cerca de R$ 130 milhões, valor considerado fora dos padrões habituais do mercado jurídico brasileiro. O acordo teria sido firmado entre o Banco Master — posteriormente liquidado e investigado por supostas irregularidades — e o escritório comandado por Viviane Barci de Moraes, em sociedade com filhos do casal.
Segundo os textos publicados, o contrato previa honorários mensais de aproximadamente R$ 3,6 milhões, ao longo de três anos, e abrangia uma ampla gama de atuações. Entre elas, a representação do banco junto ao Banco Central, Receita Federal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, Cade, além do acompanhamento de projetos no Legislativo e da coordenação estratégica, consultiva e contenciosa perante o Judiciário, o Ministério Público e a Polícia Judiciária.
Do ponto de vista legal, as reportagens destacam que, até o momento, não há configuração automática de ilícito. Em 2023, o próprio STF derrubou dispositivos que ampliavam impedimentos a magistrados em casos envolvendo escritórios de parentes ou cônjuges. Pela legislação atual, o impedimento ocorre apenas se o familiar ou seu escritório atuar diretamente no processo específico relatado pelo juiz.
Ainda assim, o jornal ressalta que a dimensão ética do caso permanece aberta à discussão. Para os colunistas, o silêncio de Alexandre de Moraes diante das revelações amplia questionamentos sobre transparência e prestação de contas, especialmente considerando o papel institucional do ministro e o impacto potencial do episódio sobre a credibilidade do Supremo.
O texto publicado argumenta que uma manifestação pública do magistrado não teria como objetivo apenas afastar suspeitas legais, mas também preservar a confiança da sociedade na Corte. Segundo a análise, a percepção pública de que um banqueiro investigado teria firmado um contrato de grande vulto com familiares de um ministro do STF pode gerar desgaste institucional, ainda que não haja ilegalidade formal.
Até agora, nem Alexandre de Moraes nem Viviane Barci de Moraes responderam aos questionamentos feitos por jornalistas. O caso segue alimentando debates sobre ética, conflito de interesses e os limites entre legalidade e legitimidade no exercício de funções públicas de alto escalão.





