O legado de Jair Bolsonaro nas mãos de Michelle
Setores da direita mais ideológica têm manifestado forte resistência a possíveis alianças políticas com figuras tradicionais do centrão, como Ciro Gomes, Valdemar Costa Neto, Gilberto Kassab e outros líderes considerados parte da chamada “direita permitida”. Para esses grupos, qualquer articulação que envolva tais nomes seria incompatível com um projeto que vise romper com o sistema político vigente.
Entre militantes e influenciadores identificados como conservadores, há a avaliação de que não existe espaço para trocar o apoio a nomes como Michelle Bolsonaro por negociações com políticos vistos como representantes de práticas consideradas “antigas”, “coronelistas” ou “fisiológicas”.
A crítica central é que acordos com o centrão não seriam capazes de promover mudanças estruturais, já que, na visão desses grupos, tais lideranças fariam parte de um mecanismo político que se mantém estável independentemente de quem ocupe a Presidência. A percepção é de que substituir o atual governo por um candidato apoiado por partidos como o PL, o PSD ou outras siglas que compõem a base do centrão não significaria um rompimento real com o sistema, mas apenas a troca de um “marionete por outro”.
Para esses setores, o país vive uma “overdose de lideranças fabricadas”, tanto à esquerda quanto à direita, que seriam utilizadas para sustentar um modelo político considerado ultrapassado e prejudicial ao desenvolvimento nacional. Eles defendem que qualquer estratégia que reproduza acordos tradicionais “não passa de ilusão” e não atende ao desejo de mudança profunda que parte do eleitorado conservador espera.
Enquanto isso, o debate interno na direita segue intenso, dividindo opiniões entre os que defendem pragmatismo eleitoral e os que rejeitam qualquer aproximação com velhas estruturas partidárias.





