Sai o relator da indicação de “Bessias” e não agrada petistas

A indicação de Jorge Messias para o Supremo Tribunal Federal (STF) provocou preocupação crescente entre aliados do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A escolha do senador Weverton Rocha (PDT-MA) como relator do processo, anunciada nesta quarta-feira (26), acendeu o alerta no Palácio do Planalto e entre governistas no Senado, que enxergam na decisão mais um sinal da influência de Davi Alcolumbre (União-AP) sobre a tramitação.

A apreensão decorre principalmente da relação política entre Weverton e Alcolumbre. Embora o relator mantenha diálogo com o governo, sua proximidade com o presidente do Senado é considerada mais sólida. Esse fator é visto como decisivo porque Alcolumbre vinha sinalizando preferência por outro nome — o do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) — para ocupar a vaga na Corte.

Calendário apertado causa desconforto no governo

O cronograma definido para análise da indicação também gerou insatisfação. Alcolumbre determinou que a sabatina de Jorge Messias na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) ocorrerá em 10 de dezembro, enquanto o relatório de Weverton deve ser apresentado em 3 de dezembro, uma semana antes.

Interlocutores do Planalto avaliam que a falta de apoio explícito de Alcolumbre compromete a segurança política necessária para a aprovação. Uma rejeição, embora improvável, é tratada como risco real — e seria um acontecimento histórico, já que o Senado não reprova um indicado ao STF desde 1894.

Estratégia de adiamento foi descartada

Inicialmente, setores do governo defendiam adiar a sabatina para 2026. A intenção era dar tempo para Messias ampliar sua base de apoio, especialmente diante da resistência demonstrada por Alcolumbre. A proposta, porém, não avançou, e a análise será feita ainda este ano.

Clima no Congresso piorou após prisão de Bolsonaro

Além das divergências internas, o ambiente no Congresso é avaliado como tenso. A recente prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro elevou o clima de conflito entre parlamentares, o que, segundo aliados de Messias, cria um cenário desfavorável para votações sensíveis, como a de indicação a ministro do STF.

Apesar das incertezas, o governo trabalha para consolidar votos e evitar surpresas durante a sabatina e a votação no plenário. Nos bastidores, a avaliação é de que o processo se tornou mais imprevisível do que o esperado e que qualquer movimento do Senado pode influenciar diretamente o futuro da indicação.

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Bruno Rigacci

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