EUA manifestam preocupação à Coca-Cola sobre patrocínio de evento com Alexandre de Moraes, dizem fontes

Um representante do governo dos Estados Unidos teria contatado um executivo da Coca-Cola para expressar preocupação sobre o patrocínio da empresa ao XXVI Congresso Nacional do Ministério Público, realizado entre 11 e 14 de novembro em Brasília e que contou com palestra do ministro Alexandre de Moraes. A informação foi relatada por fontes ligadas ao setor empresarial e diplomático nesta terça-feira (25).

A inquietação de Washington estaria relacionada à Lei Magnitsky, sob a qual o magistrado brasileiro e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, foram alvo de sanções em julho deste ano, segundo essas mesmas fontes. A administração Trump considera sensível que empresas com operações nos EUA patrocinem eventos que possam “dar visibilidade ou beneficiar” pessoas sancionadas.

O congresso, organizado pela Conamp, cobrou ingressos entre R$ 820 e R$ 1.020 e teve como tema “O MP do futuro: democrático, resolutivo e inovador”. Além da Coca-Cola, também apoiaram financeiramente o evento PicPay, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e Febraban.

Sinal de alerta a multinacionais

De acordo com um funcionário do Departamento de Estado citado por interlocutores, organizações que prestem “apoio financeiro direto ou indireto a indivíduos sancionados” poderiam se expor ao risco de punições, dependendo da interpretação das normas da Lei Magnitsky.

Embora não tenha confirmado publicamente qualquer investigação ou medida, o representante do governo americano teria ressaltado que os EUA não anunciam sanções antecipadamente.

Por ser uma multinacional sediada nos Estados Unidos, a Coca-Cola teria recebido atenção especial. A ligação telefônica relatada teria sido um gesto preventivo para alertar a companhia sobre potenciais consequências futuras.

Endurecimento da aplicação da Magnitsky no Brasil

Fontes em Washington afirmam que o Departamento de Estado planeja intensificar o monitoramento do cumprimento da Lei Magnitsky no Brasil, depois de identificar falhas em sua implementação. O foco estaria especialmente em instituições financeiras, empresas de tecnologia e multinacionais com sede em território americano.

Esse endurecimento poderia ampliar restrições a Moraes e sua esposa, limitando seu acesso a serviços e plataformas de empresas sujeitas às regras norte-americanas.

Histórico de sanções corporativas

Medidas contra empresas que descumprem a Lei Magnitsky geralmente levam anos para serem aplicadas. Atualmente, os EUA mantêm punições a companhias que violaram sanções impostas ainda em 2019.

Posicionamento da Coca-Cola

A Coca-Cola Brasil divulgou nota afirmando que mantém parceria institucional com a Conamp há vários anos e que o objetivo do apoio é “fomentar o diálogo sobre temas de interesse público e relevância social”.

A empresa declarou que:

  • não participa da escolha da programação nem dos palestrantes;

  • não foi informada sobre a lista de convidados no momento da confirmação do patrocínio;

  • não enviou representantes ao congresso e não teve qualquer envolvimento na organização.

Situação ainda em desenvolvimento

Até o momento, nem o governo dos Estados Unidos nem outros órgãos oficiais comentaram publicamente o episódio relatado. Não há confirmação de que empresas brasileiras estejam sob investigação formal ou risco imediato de sanções.

O caso, entretanto, reforça o clima de tensão diplomática envolvendo a aplicação da Lei Magnitsky no Brasil e amplia o escrutínio sobre relações entre empresas multinacionais e autoridades sancionadas.

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Bruno Rigacci

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