Alcolumbre dá início ao contra-ataque e faz anúncio perturbador para o governo

A indicação de Jorge Messias ao Supremo Tribunal Federal (STF), oficializada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), já enfrenta obstáculos no Senado. O presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), começou a se movimentar contra o nome escolhido pelo Planalto mais cedo do que o governo esperava, segundo relatos de parlamentares.

Nesta quinta-feira (20), poucas horas após o anúncio da indicação, Alcolumbre pautou para votação um projeto de lei complementar com potencial impacto bilionário nas contas públicas. O texto regulamenta a aposentadoria especial de agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias, estabelecendo integralidade e paridade para profissionais que cumprirem requisitos mínimos de idade e tempo de contribuição. A matéria será votada na próxima terça-feira (25).

Contrariedade com a escolha de Lula

Alcolumbre trabalhava nos bastidores pela indicação do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado político, para a vaga deixada por Luís Roberto Barroso. Fontes próximas afirmam que o senador ficou contrariado por não ter sido consultado previamente sobre a decisão do governo de optar por Messias, atual ministro da Advocacia-Geral da União.

Em nota, porém, Alcolumbre tratou a votação do projeto como um aceno às categorias envolvidas, afirmando que o Senado dará “um passo decisivo para corrigir uma injustiça histórica”.

Pauta sensível para o governo

A proposta que será votada no Senado é semelhante à PEC aprovada em outubro pela Câmara dos Deputados, que flexibilizou regras previdenciárias e efetivou vínculos temporários desses profissionais. Integrantes do governo classificaram a iniciativa como uma “pauta-bomba”, apelidando-a de “contrarreforma da Previdência”.

Técnicos do Executivo estimam que o impacto fiscal da medida pode variar entre R$ 20 bilhões e R$ 200 bilhões nos próximos anos. Após a aprovação da PEC na Câmara, o líder do governo, José Guimarães (PT-CE), apresentou um requerimento mudando a orientação do Planalto para posição contrária ao texto.

Sinais de desgaste político

Nos últimos meses, Alcolumbre vinha atuando como um dos aliados mais influentes do governo no Senado, especialmente em votações sensíveis. Porém, a escolha de Lula por Jorge Messias estaria gerando desgaste na relação, segundo interlocutores do Congresso. A situação também teria afetado a interlocução entre Alcolumbre e o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que estaria estremecida.

Votação exigirá maioria absoluta

Para que Jorge Messias assuma como ministro do STF, será necessário o apoio de ao menos 41 dos 81 senadores, em votação secreta no plenário da Casa. A movimentação de Alcolumbre, presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e figura central no processo de sabatina, será determinante para o futuro da indicação.

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Bruno Rigacci

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