Com mapa de votos na mão, Alcolumbre mostra a Lula que “Bessias” não passa no Senado

O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e seus aliados têm apresentado ao governo Lula um levantamento interno segundo o qual Jorge Messias, atual advogado-geral da União, teria entre 28 e 31 votos favoráveis caso sua indicação ao Supremo Tribunal Federal (STF) seja enviada ao plenário. O objetivo da articulação é mostrar ao Planalto que Messias não alcançaria os 41 votos mínimos necessários para aprovação.

A movimentação ganhou força após a apertada votação que reconduziu Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR). A indicação foi aprovada na quarta-feira (12), mas com apenas quatro votos acima do mínimo, marcando a votação mais estreita para um procurador-geral desde a redemocratização — resultado inferior ao projetado pelo relator da indicação, senador Omar Aziz (PSD-AM).

Estratégia pró-Pacheco

Aliados do Planalto interpretam a margem apertada de Gonet como novo capítulo na estratégia de Alcolumbre para tentar impulsionar o nome do ex-presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para a vaga aberta com a saída do ministro Luís Roberto Barroso.

Segundo pessoas próximas a Messias, a reação interna ao desempenho de Gonet no Senado reforça a disputa política em torno da indicação. “Nas nossas avaliações internas, o Messias tem voto para ser aprovado. Não vai ser fácil, mas passa”, afirmou um aliado do advogado-geral.

Histórico recente pesa

No atual mandato de Lula, o Senado já rejeitou uma indicação na área jurídica. O advogado Igor Roque, escolhido para comandar a Defensoria Pública da União (DPU), foi barrado por 35 votos favoráveis e 38 contrários. Senadores argumentaram que Roque havia assumido funções de maneira antecipada, concedendo entrevistas e realizando despachos antes mesmo da confirmação.

O caso tornou o ambiente mais sensível para novas indicações na área da Justiça.

Planalto dividido enquanto Lula foca em outras crises

A avaliação de um senador contrário à possível indicação indica clima de incerteza: “Se Lula já estivesse tão seguro da aprovação de Messias, já o teria indicado. Hoje, só quem salva Messias é Jesus.”

A decisão do presidente é influenciada também pelo contexto das últimas semanas, marcadas pela crise na segurança pública do Rio de Janeiro e pelas negociações finais relacionadas à COP30, que será realizada em Belém (PA).

Messias adota silêncio estratégico

Diferentemente de Roque, Jorge Messias tem mantido postura discreta enquanto aguarda a escolha de Lula para a sucessão de Barroso. O silêncio tem sido visto por seus aliados como forma de evitar ruídos e não repetir erros recentes.

Enquanto isso, a disputa segue intensa nos bastidores do Senado, com cálculos de votos e tentativas de influência que podem definir o próximo nome a ocupar uma cadeira no STF.

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Bruno Rigacci

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