Lula diz que não vai recuar e resolve encarar senadores e ministros do STF em caso “Bessias”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu manter a indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias — conhecido como “Bessias” — para ocupar uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF). A decisão foi comunicada a aliados e permanece inalterada mesmo após alertas de lideranças do Senado sobre o risco de o indicado não obter votos suficientes para a aprovação.
Nos últimos dias, diversos senadores enviaram sinais ao Palácio do Planalto apontando eventuais dificuldades que Messias enfrentaria durante a sabatina e votação no Senado. Segundo relatos, o Planalto foi advertido de que o cenário político atual é delicado e poderia resultar em um placar apertado.
Parlamentares utilizaram como referência a recente votação que reconduziu Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República. Gonet recebeu 45 votos favoráveis, o placar mais apertado desde a redemocratização para um procurador-geral. O atual PGR tornou-se alvo de críticas de setores da direita após apresentar denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro no inquérito que apura tentativa de golpe.
Para os senadores que alertaram Lula, o resultado acendeu um sinal amarelo: se Gonet enfrentou resistência, Messias poderia ter ainda mais dificuldade.
Entretanto, pessoas próximas ao advogado-geral da União avaliam o cenário de forma oposta. Para esse grupo, o fato de Gonet ter sido aprovado mesmo após desgastes com a direita seria um indicativo de que Messias também teria condições de passar pelo Senado.
— “Isso foi bom, na verdade. Se o Gonet, que denunciou o Bolsonaro, foi aprovado, Messias também será” — afirmou um interlocutor do ministro da AGU.
Aliados do advogado-geral ressaltam ainda que sua ligação com a comunidade evangélica pode assegurar apoio de senadores desse segmento, o que, na avaliação deles, poderia render uma margem confortável de votos.
Críticos dentro do próprio Congresso, porém, lembram que, ao contrário de Gonet, Messias poderá enfrentar resistência de nomes com forte influência sobre o processo de sabatina e votação, como Davi Alcolumbre, Rodrigo Pacheco e ministros do próprio STF — fatores que podem tornar a tramitação mais imprevisível e politicamente sensível.
Com a decisão de Lula já consolidada, o governo se prepara agora para iniciar articulações mais intensas no Senado para garantir a aprovação do indicado.





