Ministro de Lula entra de cabeça no escândalo de corrupção que envolve “nora”

Carla Ariane Trindade, identificada como “nora” em uma planilha apreendida pela Polícia Federal durante investigação sobre um suposto esquema de desvio de verbas da Educação em municípios do interior de São Paulo, participou de uma reunião fora da agenda com o ministro da Educação, Camilo Santana, em 12 de julho de 2024, em Brasília.

O encontro consta nos registros de entrada do Ministério da Educação (MEC), obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). A portaria do órgão aponta que Carla ingressou no prédio às 12h, com destino ao gabinete do ministro. O documento indica, no campo “cargo/função”, a expressão “Presidente Lula”, embora Carla não ocupe qualquer função pública no governo federal.

Carla Ariane foi casada com Marcos Cláudio Lula da Silva, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o que explica o apelido “nora” na planilha apreendida. Ela é investigada pela PF por suposta participação em tratativas para liberar recursos federais da Educação para municípios paulistas — valores que, segundo a investigação, eram direcionados a contratos com a empresa Life Tecnologia Educacional, acusada de fornecer equipamentos superfaturados.

Investigação da PF aponta suposto lobby no MEC

De acordo com a decisão judicial que autorizou as diligências da PF, Carla Ariane e o lobista Kalil Bittar — ex-sócio de Luís Cláudio Lula da Silva (“Luleco”), outro filho do presidente — são descritos como pessoas “com alegada influência no governo federal”.

A PF investiga um grupo de cinco pessoas suspeitas de atuar para facilitar a liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) a prefeituras do interior paulista. Parte desses recursos teria sido vinculada a contratos envolvendo a Life Educacional.

Reunião fora da agenda acende alerta político

O MEC não registrou previamente o encontro na agenda oficial do ministro Camilo Santana, o que é incomum em reuniões com pessoas sem cargo público. Também não há, até o momento, explicação oficial sobre o motivo do encontro ou sua natureza.

A revelação do registro tem gerado questionamentos no meio político, especialmente porque a reunião ocorreu em meio às investigações da PF sobre a atuação de Carla.

Contexto da investigação

A operação que mirou Carla Ariane teve como base:

  • planilhas e documentos apreendidos com registros de pagamentos e supostas intermediações;

  • depoimentos que citam contatos com gestores municipais;

  • indícios de superfaturamento nos contratos firmados pela Life Educacional.

Todos os investigados negam irregularidades, e o processo segue em sigilo.

Próximos passos

A PF continua analisando documentos, mensagens e movimentações financeiras. O MEC, até o momento, não se manifestou oficialmente sobre o encontro ou sobre a presença do nome de Carla Ariane nos registros internos.

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Bruno Rigacci

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