Revelada quem é a pessoa enviada por Moraes para inspecionar celas na Papuda

A chefe de gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), Cristina Kusahara, realizou uma vistoria no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, na última semana. A informação foi confirmada à reportagem por três pessoas ligadas ao sistema penitenciário do Distrito Federal.

A visita foi acompanhada pela juíza Leila Cury, titular da Vara de Execuções Penais (VEP-DF), e percorreu três unidades diferentes do complexo prisional. Segundo relatos, a inspeção se concentrou principalmente no PDF 1 (Penitenciária do Distrito Federal I) — unidade de regime fechado, que conta com alas de segurança média e máxima.

O gabinete de Moraes não se manifestou sobre a visita.

Visita técnica e contexto político

A vistoria ocorre às vésperas do julgamento, pela Primeira Turma do STF, dos primeiros recursos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros seis condenados por liderarem a tentativa de golpe de Estado de 2022. A análise dos embargos de declaração, recurso que busca esclarecer supostas contradições na sentença, está marcada para a sexta-feira (7).

Durante a visita, a equipe do STF também passou pelo 19º Batalhão da Polícia Militar do Distrito Federal, conhecido como “Papudinha”, onde o ex-ministro da Justiça Anderson Torres ficou preso preventivamente em 2023.

Um policial penal que acompanhou a movimentação afirmou que a vistoria mobilizou todas as áreas do PDF 1, incluindo salas destinadas a presos especiais.

Avaliação médica solicitada

A inspeção reacendeu alertas no Governo do Distrito Federal (GDF) sobre a possibilidade de Bolsonaro cumprir pena na Papuda após o encerramento dos recursos. Na segunda-feira (3), o secretário de Administração Penitenciária, Wenderson Souza e Teles, enviou um ofício a Moraes solicitando que o ex-presidente seja submetido a uma avaliação médica antes de eventual transferência ao sistema prisional.

“Solicita-se que o apenado Jair Messias Bolsonaro seja submetido à avaliação médica por equipe especializada, a fim de que seja realizada avaliação de seu quadro clínico e a sua compatibilidade com a assistência médica e nutricional disponibilizados nos estabelecimentos prisionais desta capital”, afirma o documento.

O texto, revelado pelo portal Metrópoles, menciona que Bolsonaro passou por cirurgias abdominais nos últimos anos e que, durante o monitoramento de sua prisão domiciliar, foram necessárias consultas médicas no próprio local, para evitar deslocamentos e escoltas emergenciais.

Destino indefinido

A decisão final sobre onde Bolsonaro cumprirá a pena cabe exclusivamente ao ministro Alexandre de Moraes. O local será definido após o julgamento dos recursos no STF.

Entre as possibilidades avaliadas estão uma cela na Papuda, a Superintendência da Polícia Federal (PF) em Brasília ou a prisão domiciliar — esta última defendida pela defesa do ex-presidente, com base em problemas de saúde.

Fontes do Supremo descartam a chance de Bolsonaro ser detido em uma unidade militar, para evitar novas aglomerações e manifestações no Setor Militar Urbano, como as registradas após as eleições de 2022.

Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar a tentativa de golpe de Estado. É o primeiro ex-presidente da história do Brasil condenado por esse crime.

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Bruno Rigacci

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