“Ou soma, ou suma” — Cláudio Castro enfrenta STF e governo federal em meio à guerra contra o crime

O governador Cláudio Castro (PL) reagiu com firmeza após a megaoperação policial que resultou em mais de cem mortes nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro. Em pronunciamento, ele deixou um recado direto a Brasília:

“Todo aquele que vier pra cá, seja governador, seja ministro, no intuito de somar, é bem-vindo. […] Os outros, que querem fazer confusão, que querem fazer politicagem, o nosso único recado é: suma! Ou soma — ou suma!”

A declaração veio em meio a uma crescente tensão política e judicial. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) analisa ações que podem levar à inelegibilidade do governador, e o ministro Alexandre de Moraes, do STF, pediu explicações sobre a condução da operação — questionando o uso da força e o número de mortos.

Nos bastidores, a oposição acusa o Supremo e o governo federal de interferência indevida nas políticas de segurança dos estados. O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, já havia negado três pedidos de apoio com blindados, e voltou a criticar a operação.

Parlamentares e analistas ligados à direita argumentam que o governo federal adota uma política de leniência com o crime, citando programas sociais que, segundo esses críticos, estariam sendo usados de forma indevida por traficantes. O Ministério do Desenvolvimento Social nega qualquer desvio e defende as medidas como ampliação de acesso e dignidade a pessoas em situação de rua.

Para aliados de Castro, há uma tentativa de enfraquecer a autonomia estadual e criar pretextos para uma intervenção federal via GLO (Garantia da Lei e da Ordem), hipótese mencionada por Lewandowski como uma possível saída para conter a crise.

Entre os apoiadores do governador, cresce o sentimento de que o país vive uma “ditadura da toga”, expressão usada para se referir à influência do Judiciário sobre decisões de governos eleitos.

Enquanto o Rio tenta recuperar a normalidade, o embate entre o governo estadual e o Supremo reflete um conflito mais profundo: o da autonomia dos estados frente ao centralismo de Brasília, em um país dividido entre discursos de segurança e acusações de autoritarismo.

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Bruno Rigacci

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