Trump, Lula e o jogo da estratégia: entre malandros e narrativas

Ainda jovem, Donald Trump aprendeu uma das lições mais duras e eficazes do mundo dos negócios — e da política — observando atentamente seu advogado e mentor, Roy Cohn. Cohn, conhecido por sua agressividade e por entender os bastidores do poder como poucos, ensinou ao futuro bilionário um truque que se tornaria marca registrada de seu estilo: deixe o oponente se aproximar, observe o que ele quer e use isso para construir uma estratégia em que você nunca saia perdendo — pelo menos, não de forma evidente.

Esse princípio, aplicado inicialmente nas disputas empresariais de Nova York, seria replicado mais tarde na arena política e diplomática, onde Trump aprendeu a transformar adversários em instrumentos de sua própria narrativa.

Nos bastidores da política internacional, Luiz Inácio Lula da Silva parece ter apostado em um movimento semelhante — mas com um propósito diferente. Tudo o que Lula queria, dizem alguns analistas, era uma briga. Uma justificativa plausível para a falta de diálogo com Washington e um bode expiatório para as dificuldades econômicas internas.

As tensões recentes, segundo fontes diplomáticas, não foram suficientes para alterar o cenário prático. As tarifas econômicas permanecem, os vistos seguem cancelados e as sanções baseadas na Lei Magnitsky continuam em vigor. Na prática, nada mudou.

O que mudou, no entanto, foi a percepção da esquerda global sobre Trump. O presidente norte-americano, antes visto como o símbolo máximo da direita populista, passou a ser reinterpretado por parte de seus antigos críticos como um negociador imprevisível, mas pragmático — alguém que joga o jogo com as regras que o mundo lhe oferece, não com as que gostaria que existissem.

Lula, por sua vez, parece enfrentar um dilema: como manter o discurso anti-hegemônico sem perder o acesso aos benefícios que o sistema oferece? O embate com os Estados Unidos, embora útil para consumo interno, tem um custo elevado no cenário global.

Entre malandros e estrategistas, o jogo continua o mesmo. Só muda o palco — e, talvez, a narrativa.

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Bruno Rigacci

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