Trump aumenta a pressão na América do Sul, sanciona o “Barão da Droga” e desloca o maior porta-aviões do mundo

O governo dos Estados Unidos anunciou nesta sexta-feira (24) sanções contra o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e alguns de seus familiares. Em comunicado, o Departamento do Tesouro americano acusou o líder colombiano de “permitir que cartéis de drogas floresçam”, afirmando que ele teria “se recusado a cessar esta atividade”.

O presidente Donald Trump, que retornou à Casa Branca neste ano, classificou Petro como um “barão da droga” e afirmou que os EUA irão cortar financiamentos e subsídios destinados à Colômbia. Trump também sugeriu que forças americanas poderiam realizar ações no país como parte da nova estratégia de combate ao narcotráfico no hemisfério ocidental.

Porta-aviões é deslocado para a América do Sul

No mesmo dia do anúncio das sanções, o Departamento de Guerra dos Estados Unidos ordenou o deslocamento do porta-aviões USS Gerald R. Ford — o maior do mundo — para o Caribe e a América do Sul.

A embarcação, com capacidade para transportar até 90 aeronaves, deixará o Mediterrâneo para reforçar a presença militar americana na região. O contingente já conta com oito navios de guerra, um submarino nuclear e aeronaves F-35, segundo o Pentágono.

Em nota publicada na rede X (antigo Twitter), o porta-voz do Pentágono, Sean Parnell, afirmou que a presença militar tem caráter defensivo e estratégico:

“A presença das forças americanas na área de responsabilidade do Comando Sul reforçará a capacidade dos EUA de detectar, monitorar e desmantelar atividades e atores ilícitos que comprometam a segurança e a prosperidade do território nacional dos EUA e a segurança no Hemisfério Ocidental.”

Operações contra o narcotráfico

O secretário de Guerra dos EUA, Pete Hegseth, informou também nesta sexta-feira que uma operação no Mar do Caribe resultou na morte de seis homens descritos como “narco-terroristas”. Segundo ele, a embarcação atacada pertencia ao grupo criminoso Tren de Aragua, de origem venezuelana.

As operações militares americanas vêm se intensificando desde setembro. No domingo (19), Hegseth havia comunicado a destruição de outra embarcação no Caribe, com a morte de três tripulantes supostamente ligados ao Exército de Libertação Nacional (ELN), grupo guerrilheiro colombiano.

Além dos ataques no Caribe, os EUA conduziram operações no Oceano Pacífico nos dias 21 e 22 de outubro. Com as ações mais recentes, o número total de mortos nas ofensivas norte-americanas na região chega a pelo menos 43, segundo dados oficiais.

Tensão regional e possível ofensiva contra Maduro

Uma reportagem do The Washington Post, publicada na quarta-feira (22), revelou que Trump assinou um documento confidencial autorizando a CIA a conduzir “ações agressivas” contra o governo do presidente Nicolás Maduro, na Venezuela, e contra grupos ligados ao narcotráfico.

Segundo o jornal, o plano seria parte de uma ofensiva militar mais ampla na costa venezuelana, o que, de acordo com analistas, poderia desestabilizar politicamente o regime de Caracas.

Em meio à escalada, Maduro fez um pronunciamento na televisão estatal venezuelana nesta quinta-feira (24), falando em inglês:

“Please, no crazy war” (“Por favor, nenhuma guerra louca”), declarou o presidente, em tom de apelo.

Contexto diplomático

As medidas elevam a tensão diplomática na América do Sul, especialmente com Colômbia e Venezuela, países que mantêm alianças políticas com o Brasil e o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Enquanto Washington amplia sua presença militar sob o discurso de combate ao narcotráfico, líderes regionais denunciam uma nova onda de intervencionismo e cobram respeito à soberania latino-americana.

Até o momento, o governo colombiano não comentou oficialmente as sanções, e o Palácio de Miraflores, em Caracas, classificou as ações americanas como “provocações perigosas”.

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Bruno Rigacci

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