André Mendonça recebe pedido absurdo nos bastidores do STF

O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi procurado por integrantes da bancada evangélica no Congresso para atuar nos bastidores em favor da indicação de Jorge Messias ao STF. Mendonça e Messias compartilham a fé evangélica, o que tem sido um ponto de apoio importante na tentativa de consolidar votos no Senado para a nomeação do atual chefe da Advocacia-Geral da União (AGU).

Messias é o nome escolhido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para ocupar a cadeira deixada por Luís Roberto Barroso, que assumiu a presidência da Corte e se aposentou compulsoriamente. A formalização da indicação deve acontecer até esta terça-feira (21).

Para ser aprovado, Messias precisa do apoio de pelo menos 41 senadores em plenário. Um levantamento interno do governo aponta que o indicado já conta com cerca de 50 votos — margem considerada confortável, mas que ainda exige atenção diante da resistência em alguns setores do Senado.

Conservadores hesitam, evangélicos articulam

A maior resistência ao nome de Messias vem de dentro da base governista, especialmente entre parlamentares do PSD e do União Brasil, siglas que apoiam o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Pacheco é cotado para uma vaga futura no STF e tem respaldo entre ministros da Corte, o que alimenta a preferência de seus aliados por sua indicação.

Diante desse cenário, uma ala da bancada evangélica decidiu buscar apoio de Mendonça para ajudar a contornar resistências entre senadores mais conservadores. O objetivo é repetir a mobilização que garantiu a aprovação do próprio Mendonça ao STF em 2021, quando foi indicado por Jair Bolsonaro (PL) e recebeu 47 votos favoráveis — seis a mais do necessário.

O governo avalia que parte das resistências pode ser diluída com um eventual aceno político do presidente Lula a Pacheco, sinalizando a possibilidade de indicá-lo ao STF em uma próxima vaga, caso seja reeleito em 2026.

Perfil evangélico como trunfo

Messias conta com o apoio explícito de parte da bancada evangélica, que vê nele um aliado confiável no Supremo. Além disso, o governo aposta na possibilidade de atrair votos de partidos da oposição, como Podemos e Republicanos, justamente pelo perfil religioso do indicado.

O movimento em torno de André Mendonça pode ser decisivo nesse esforço. Como único ministro evangélico da Corte, sua influência entre parlamentares conservadores é considerada relevante, especialmente entre aqueles que resistem ao nome de Messias por razões ideológicas ou partidárias.

A articulação segue intensa nos bastidores até o anúncio oficial da indicação. Se confirmado, Jorge Messias será o segundo ministro evangélico da história do STF, ampliando a representatividade religiosa na Corte.

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Bruno Rigacci

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