Cármen Lúcia rebate advogado de um dos réus

A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), contestou publicamente, nesta terça-feira (15), uma afirmação feita durante julgamento de um dos réus envolvidos na suposta trama golpista de 2022. A ministra reagiu após o advogado de defesa de um acusado afirmar que, à época da presidência de Cármen no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a Corte teria cogitado a implementação do voto impresso — tema central usado por grupos bolsonaristas para contestar a lisura do processo eleitoral.

Sem citar o nome do defensor, Cármen Lúcia pediu a palavra para fazer um esclarecimento direto:

“Apenas para dizer que, em nenhum momento — e tenho certeza de que o advogado não pretendeu, eu imagino, afirmar —, mas, para não deixar nem subliminarmente compreensível por alguém, foi dito expressamente, copiei: ‘O TSE mesmo pensou em voto impresso, e o Supremo disse: deixe isso para lá’. Copiei o que foi dito exatamente. Não é fato.”

A ministra ressaltou que nem o Supremo Tribunal Federal nem o TSE chegaram a aprovar qualquer política voltada ao voto impresso enquanto ela esteve à frente da Justiça Eleitoral:

“É só isso. Eu só quero deixar claro porque o Supremo não disse ao TSE ‘deixa isso para lá’, porque o TSE, em hora nenhuma, chegou a este ponto. O Congresso Nacional, no exercício de suas competências, formulou normas, tentando restabelecer a impressão de voto. Isto veio questionado por ação ajuizada.”

Julgamento do núcleo da desinformação

O esclarecimento ocorreu durante o segundo dia do julgamento do chamado núcleo 4 da trama golpista — grupo formado, segundo a acusação, por responsáveis por disseminar desinformação em larga escala durante as eleições de 2022, com o objetivo de desacreditar o processo eleitoral e favorecer uma ruptura institucional.

Este é o segundo grupo a ser julgado pelo STF dentro do conjunto de ações penais envolvendo a tentativa de golpe. O núcleo 1, considerado o principal, foi julgado em setembro, e resultou na condenação de oito réus, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), sentenciado a 27 anos e 3 meses de prisão por liderar os atos golpistas.

Cármen Lúcia foi uma das vozes mais críticas à retórica antidemocrática ao longo das sessões. Ao rebater o advogado nesta terça, reforçou a narrativa de defesa do sistema eleitoral eletrônico, pilar do atual modelo democrático brasileiro.

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Bruno Rigacci

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