Saiba quanto a família de Preta Gil pede de indenização a padre

A família do cantor Gilberto Gil ingressou com uma ação judicial contra o padre Danilo César, da Paróquia São José, em Campina Grande (PB), por declarações feitas durante um sermão religioso transmitido ao vivo no YouTube, no dia 20 de julho — data da morte de Preta Gil. A ação foi protocolada na Justiça do Rio de Janeiro e pede indenização de R$ 370 mil por danos morais.

Assinam o processo Gilberto Gil, sua esposa Flora Gil, os filhos Nara, Marília, Bela, Maria, Bem e José, além do neto Francisco, filho de Preta Gil. A família alega que o padre extrapolou os limites da liberdade de expressão ao debochar publicamente da religião de matriz africana praticada por Preta e seus familiares.

Segundo o colunista Lauro Jardim, do jornal O Globo, a ação judicial afirma que o discurso do padre violou o direito à dignidade da cantora falecida e desrespeitou a dor da família. “As palavras do religioso não se limitam à crítica ou opinião. São ofensivas, discriminatórias e carregadas de intolerância religiosa”, diz trecho da petição.

Durante o sermão, transmitido poucas horas após a notícia da morte de Preta Gil, o padre afirmou:

“Deus sabe o que faz. Se for para morrer, vai morrer […] Qual o nome do pai de Preta Gil? Gilberto. [Ele] fez uma oração aos orixás. Cadê esses orixás, que não ressuscitaram Preta Gil? Já enterraram?”

A fala foi amplamente criticada nas redes sociais e gerou indignação entre artistas e ativistas dos direitos humanos. Após a repercussão negativa e a abertura de um inquérito policial, o vídeo foi removido do canal oficial da paróquia no YouTube.

A apresentadora Bela Gil, irmã de Preta, também se manifestou na época, chamando o padre de “desrespeitoso” em uma publicação nas redes sociais. “Não é sobre fé, é sobre humanidade”, escreveu ela.

Preta Gil faleceu em 20 de julho de 2025, aos 50 anos, vítima de um câncer. A cantora estava em Nova Iorque, onde buscava um tratamento experimental, e sofreu complicações pouco antes de retornar ao Brasil.

O padre Danilo César ainda não se pronunciou oficialmente sobre a ação. Procurada pela reportagem, a Arquidiocese da Paraíba também não comentou o caso até o momento.

A ação levanta novamente o debate sobre intolerância religiosa no Brasil, especialmente em relação às religiões de matriz africana, que seguem sendo alvo frequente de ataques e desinformação.

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Bruno Rigacci

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