O país da Europa que Trump sugere expulsar da OTAN e o motivo
Durante um encontro oficial na Casa Branca nesta quinta-feira (10), o presidente dos Estados Unidos sugeriu que a Espanha seja expulsa da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN). A declaração foi feita em meio a críticas ao governo espanhol por não cumprir a meta de gastos militares exigida por Trump.
A fala ocorreu durante a visita do presidente da Finlândia, Alexander Stubb, para a assinatura de um acordo de venda de 11 navios quebra-gelo ao país europeu. Em tom crítico, Trump voltou a defender que os países-membros da OTAN elevem os gastos com defesa para 5% do Produto Interno Bruto (PIB) — mais que o dobro da meta oficial da aliança, que é de 2%.
“Como sabem, pedi que pagassem cinco por cento e não dois por cento. A maioria achou que isso não ia acontecer, e aconteceu quase por unanimidade. Tivemos um elemento desfasado. Foi a Espanha. Espanha”, afirmou Trump.
Ao citar diretamente o país governado pelo primeiro-ministro Pedro Sánchez, com quem já teve atritos em cúpulas anteriores da OTAN, o republicano ironizou:
“Sabem o que é engraçado? Por causa de muitas das coisas que fizemos, eles estão indo bem. Eles não têm desculpa para não o fazer. Mas não faz mal. Talvez devêssemos expulsá-los da NATO, francamente.”
Críticas recorrentes à aliança
Donald Trump tem um histórico de declarações polêmicas contra a OTAN. Durante seu mandato (2017–2021), ele frequentemente acusou os aliados europeus de se beneficiarem da proteção militar dos Estados Unidos sem oferecer contrapartida adequada.
O argumento de Trump é que países como a Espanha estariam “se aproveitando” do orçamento militar norte-americano e que todos os membros da aliança devem “puxar pelo seu peso” em termos de investimento na própria defesa.
Acordo com a Finlândia
Apesar da controvérsia, o encontro com o presidente finlandês teve como resultado prático o anúncio da venda de 11 quebra-gelos médios para a Finlândia, em um contrato avaliado em US$ 6,1 bilhões (cerca de € 5,27 bilhões).
A entrega do primeiro navio está prevista para 2028. O objetivo da Finlândia — país que faz fronteira direta com a Rússia — é reforçar sua segurança marítima, especialmente após a invasão da Ucrânia por tropas russas em 2022.
Trump e o Nobel da Paz
Durante a reunião, Trump também voltou a mencionar seu desejo de ser reconhecido pelo Prêmio Nobel da Paz, citando acordos internacionais que ele considera relevantes para sua indicação.
“Fiz sete acordos, agora são oito. Resolvi guerras que duraram décadas. Não fiz isso por reconhecimento, fiz porque salvei vidas”, disse.
Stubb, de forma diplomática, reconheceu o papel de Trump em acordos internacionais, mas ponderou que uma indicação dependeria da resolução de conflitos atuais como a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio.
“Uma vez resolvidos esses problemas, não vejo qualquer impedimento”, comentou o presidente finlandês.
Atualmente, quatro presidentes dos EUA receberam o Nobel da Paz: Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson, Jimmy Carter e Barack Obama. Caso fosse agraciado, Trump seria o primeiro republicano a receber o prêmio desde Roosevelt, em 1906.
O que é a OTAN
Criada em 1949, a OTAN (ou NATO, na sigla em inglês) é uma aliança militar formada inicialmente por 12 países com o objetivo de garantir a defesa coletiva, principalmente contra ameaças da então União Soviética. Hoje, conta com 32 membros, incluindo novos integrantes como Finlândia e Suécia.
Seu pilar central é o Artigo 5º, que estabelece que um ataque a qualquer país membro será tratado como um ataque a todos, acionando resposta conjunta.
Os países-membros devem ter governos democráticos, respeitar os direitos humanos e contribuir para a segurança coletiva. Em troca, recebem apoio militar e acesso a operações de segurança e cooperação estratégica com os EUA e outras potências militares.
