STF vê diálogo Lula-Trump como “sinal positivo” para fim de sanções
A recente conversa entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, é vista por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como um “sinal positivo” para a possível reversão das sanções impostas por Washington a autoridades brasileiras, entre elas, membros da Corte.
A leitura interna no STF é de que o gesto de aproximação entre os dois presidentes — ocorrido na segunda-feira (6/10), por meio de uma videoconferência — sinaliza que a tensão provocada pelo chamado tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros, anunciado em julho por Trump, pode estar começando a arrefecer.
O próprio Supremo foi citado nominalmente por Trump à época como motivo das medidas comerciais, sob acusação de suposta “perseguição política” contra Jair Bolsonaro e por sua atuação em processos contra big techs — algo que desagradou a ala mais conservadora da política americana.
Quase três meses depois, ministros da Corte avaliam que o STF resistiu às pressões externas e conseguiu manter a estabilidade institucional, sem ceder a ameaças como suspensão de vistos, aplicação da Lei Magnitsky ou retaliações diplomáticas.
“O Judiciário brasileiro demonstrou que não se curva a chantagens externas”, disse um ministro do STF sob reserva.
Pressões internas nos EUA mudam cenário
Segundo integrantes da Corte, o “peso político” da crise institucional brasileira na agenda externa de Trump vem diminuindo, diante do acirramento de críticas internas nos EUA contra sua política econômica e comercial.
Para esses ministros, os ataques à legitimidade do STF — antes usados como argumento por Trump para justificar o tarifaço — perderam espaço na narrativa da Casa Branca, especialmente após a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro pela Primeira Turma do Supremo, que passou praticamente despercebida durante o telefonema entre os líderes.
A ausência de qualquer menção a Bolsonaro na conversa entre Lula e Trump foi considerada, nos bastidores da Corte, como um “marco simbólico” do enfraquecimento da tese de que o ex-presidente brasileiro ainda exerce forte influência na política externa dos EUA.
Economia pesa mais do que ideologia
Outro ponto citado por fontes do STF é o impacto econômico da ausência de produtos brasileiros no mercado americano. Com a inflação voltando a preocupar setores nos EUA, aliados de Trump estariam pressionando por uma revisão das barreiras comerciais impostas ao Brasil — medida que encarece insumos e produtos finais para o consumidor norte-americano.
Diante disso, a Corte acredita que os gestos “cordiais” do presidente dos EUA com Lula não são apenas diplomáticos, mas também pragmáticos.
“O custo das sanções pode acabar sendo mais alto para os Estados Unidos do que para o Brasil”, avaliou outro ministro do STF.
O Supremo segue monitorando o desdobramento das conversas entre os governos, mas considera que o pior momento da crise institucional com Washington pode ter passado.