Lula pretende negociar com Trump fim das sanções a Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende incluir nas tratativas com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump (Partido Republicano), um pedido para que o governo norte-americano reconsidere as sanções impostas ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e a outras autoridades brasileiras.
Segundo informações do portal Poder360, o Palácio do Planalto e o Itamaraty avaliam que restringir as negociações bilaterais à pauta comercial, como tarifas e exportações, seria insuficiente. Por isso, o governo brasileiro quer também discutir a aplicação da Lei Magnitsky, que resultou na suspensão de vistos e em restrições diplomáticas contra membros do Executivo e do Judiciário do Brasil.
As sanções, aplicadas nos primeiros meses do novo mandato de Trump, foram justificadas por Washington sob a alegação de violações de direitos civis e liberdades democráticas no Brasil — especialmente no contexto das decisões do STF envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados.
Contato inicial e local da reunião
As negociações para um encontro entre Lula e Trump ainda estão em estágio inicial. A expectativa é de que os dois presidentes tenham uma conversa por telefone ou videoconferência ainda nesta semana. Um encontro presencial deve ser marcado posteriormente, mas dificilmente ocorrerá na Casa Branca.
Para evitar exposição excessiva à imprensa e possíveis constrangimentos políticos, o governo brasileiro estuda alternativas mais discretas. Uma das opções consideradas seria a residência oficial de Trump em Mar-a-Lago, na Flórida, onde o presidente norte-americano frequentemente recebe convidados estrangeiros em caráter mais reservado.
Conflito diplomático e clima de desconfiança
Desde a aplicação das sanções com base na Lei Magnitsky, a relação entre Brasília e Washington atravessa um período de tensões diplomáticas. A gestão Trump acusa setores do Judiciário brasileiro de promover uma “caça às bruxas” contra políticos e apoiadores conservadores, com ênfase em medidas contra Jair Bolsonaro e parlamentares da direita.
Autoridades norte-americanas também têm criticado decisões do STF que, segundo o governo dos EUA, impactaram a liberdade de expressão e afetaram inclusive empresas de tecnologia americanas operando no Brasil.
Apesar das divergências ideológicas e institucionais, o governo Lula considera essencial manter um canal direto de diálogo com Trump, especialmente diante do peso dos Estados Unidos nas relações comerciais e estratégicas do Brasil.
Perspectivas limitadas
Internamente, o Planalto reconhece que as chances de Trump recuar nas sanções são pequenas. Mesmo assim, a equipe diplomática brasileira quer demonstrar boa vontade e empenho para preservar a relação bilateral — evitando que o Brasil seja isolado no novo cenário internacional desenhado pela volta de Trump ao poder.
Além disso, o governo busca evitar que Lula passe por situações embaraçosas, como as vividas por líderes como Volodymyr Zelensky (Ucrânia), Cyril Ramaphosa (África do Sul) e Recep Tayyip Erdogan (Turquia), todos envolvidos em reuniões tensas ou mal-sucedidas com o atual presidente americano.