Possibilidade de Comandante do Exército sofrer desmoralização a nível mundial agita o meio militar

Representantes militares do Brasil nos Estados Unidos iniciaram, nesta sexta-feira (26), uma série de consultas de emergência junto a autoridades americanas diante da possibilidade de revogação do visto do comandante do Exército brasileiro, general Tomás Ribeiro Paiva.

A movimentação diplomática foi liderada pelo general Maurício Vieira Gama, adido militar brasileiro em Washington, e pelo general Flávio Moreira Matias, representante do Brasil junto ao Comando Sul dos EUA. Os dois oficiais estabeleceram contato direto com interlocutores militares norte-americanos em busca de esclarecimentos sobre a situação e possíveis desdobramentos.

Preocupação institucional

Durante as conversas, os militares brasileiros enfatizaram que eventuais divergências políticas entre os governos de Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump não deveriam comprometer a tradicional cooperação entre as Forças Armadas dos dois países. A preocupação é que o caso ganhe contornos diplomáticos mais graves, afetando programas conjuntos e intercâmbios militares estratégicos.

Fontes com conhecimento direto das tratativas afirmaram que há forte mobilização da cúpula militar brasileira para evitar que a medida seja formalizada, o que representaria um duro golpe institucional e simbólico para o Exército Brasileiro.

Relação com Moraes na mira dos EUA

De acordo com informações obtidas por documentos do Departamento de Estado americano, o general Tomás teria sido nomeado comandante do Exército por influência do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. A partir disso, o general estaria atuando para assegurar o apoio da alta cúpula militar a decisões sensíveis do magistrado, especialmente no contexto do enfrentamento ao bolsonarismo radical dentro das Forças Armadas.

As autoridades americanas estariam utilizando essas alegações como base para avaliar a revogação do visto do general. Segundo apuração, encontros entre Moraes e o comandante do Exército constam em relatórios do governo dos EUA, que sustentariam a tese de interferência indevida nas estruturas institucionais brasileiras.

Pacote de sanções em estudo

A possível restrição ao general Tomás não seria uma medida isolada. Um pacote mais amplo de sanções estaria sendo analisado por Washington, com foco em figuras ligadas ao combate a movimentos antidemocráticos no Brasil. Entre os alvos potenciais estariam integrantes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal — instituições que atuaram em investigações e operações contra aliados de Donald Trump e de Jair Bolsonaro.

O contexto é especialmente sensível diante do cenário eleitoral nos Estados Unidos, onde o discurso de Trump contra instituições democráticas internacionais tem ganhado força. Interferências percebidas como alinhamento político — mesmo dentro de estruturas militares — têm sido mal vistas por setores mais conservadores do establishment norte-americano.

Repercussão e silêncio oficial

Até o momento, nem o governo brasileiro nem o Departamento de Estado dos EUA emitiram comunicados oficiais sobre o caso. Procurado pela reportagem, o Ministério da Defesa informou apenas que “acompanha com atenção os desdobramentos diplomáticos envolvendo seus oficiais, em alinhamento com o Itamaraty”.

Já o Supremo Tribunal Federal, por meio de sua assessoria, não comentou as menções ao ministro Alexandre de Moraes.

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Bruno Rigacci

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