Toffoli pede vista em ação sobre quebra de sigilo na internet

O ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF), pediu vista nesta quinta-feira (25) e suspendeu, por até 90 dias, o julgamento que trata da possibilidade de a Justiça autorizar a quebra de sigilo de dados telemáticos de grupos não identificados em plataformas de busca na internet.

A decisão de Toffoli interrompe um dos julgamentos mais sensíveis da Corte envolvendo liberdade individual, privacidade digital e poderes investigativos do Estado. O processo está em análise desde 2021 e já teve outros três pedidos de vista, feitos anteriormente pelos ministros Alexandre de Moraes, André Mendonça e Gilmar Mendes.

Placar parcial

Até o momento, o placar está em 5 a 2 a favor da liberação da quebra de sigilo, mesmo para grupos não individualizados. Votaram a favor:

  • Alexandre de Moraes

  • Cristiano Zanin

  • Gilmar Mendes

  • Nunes Marques

  • Edson Fachin

Os votos contra foram de:

  • Rosa Weber (já aposentada, mas com voto registrado em 2023)

  • André Mendonça

Com o pedido de vista de Toffoli, o julgamento fica paralisado até que o ministro devolva o caso ao plenário ou à sessão virtual, o que pode levar até três meses — prazo regimental máximo.

Entenda o caso

A ação discute a possibilidade de autorizar a quebra de sigilo de dados armazenados por empresas de internet, como Google, Bing, Yahoo e outras, mesmo sem que os alvos estejam nominalmente identificados. A medida tem sido usada em investigações criminais com base em termos buscados, geolocalização ou atividade suspeita em determinado período.

Críticos da prática afirmam que isso viola o princípio da individualização da pena e pode abrir precedentes para abusos contra a privacidade. Já os defensores argumentam que o mecanismo é essencial para o avanço de investigações complexas, como as que envolvem crimes cibernéticos, terrorismo ou organizações criminosas.

Repercussão

O julgamento tem gerado ampla repercussão no meio jurídico e no setor de tecnologia, com entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Associação Brasileira de Jurimetria (ABJ) e empresas do ramo digital alertando para os riscos de decisões genéricas e coletivas sem individualização de condutas.

A interrupção do julgamento também reacende debates sobre a demora nos julgamentos de pautas estratégicas no STF e o uso recorrente de pedidos de vista como ferramenta de controle de tempo no andamento de temas sensíveis.

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Bruno Rigacci

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