PF abre processo contra Eduardo Bolsonaro por atuação nos EUA

A Corregedoria da Polícia Federal (PF) instaurou um processo administrativo disciplinar contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que também é servidor da corporação. O procedimento foi aberto para investigar supostas tentativas do parlamentar de buscar apoio do governo dos Estados Unidos para pressionar pela imposição de sanções econômicas contra o Brasil, bem como contra ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

As acusações surgiram após uma representação feita pelo deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), que alegou que Eduardo Bolsonaro teria se mudado para os Estados Unidos com o objetivo de exercer influência para a adoção de medidas punitivas contra autoridades brasileiras, como o ministro Alexandre de Moraes, e outras figuras políticas. Entre os possíveis crimes investigados estão desvio funcional, improbidade administrativa e uso do cargo público para fins pessoais e políticos.

Eduardo Bolsonaro, por sua vez, sempre negou as acusações, defendendo que suas ações se limitam à denúncia de violações de direitos humanos e que as sanções e tarifas aplicadas são decisões do governo Trump, sem qualquer envolvimento de sua parte.

O processo tramita sob sigilo, mas a denúncia foi revelada pelo portal G1, que trouxe à tona o conteúdo da investigação. Caso as acusações sejam confirmadas, as punições podem variar desde uma simples advertência até a demissão do cargo ou a cassação da aposentadoria de Eduardo Bolsonaro, caso o deputado seja considerado culpado.

O caso se soma a outra investigação conduzida pela PF, que resultou no indiciamento de Bolsonaro e seu filho em agosto de 2024. Esse inquérito envolveu uma suposta “tentativa de coação” no julgamento da chamada “trama golpista” de 2022. O relatório da investigação indicou que o grupo familiar teria atuado para enfraquecer as instituições democráticas brasileiras, especialmente o STF e o Congresso Nacional, por meio de ameaças de retaliação e sanções internacionais.

O relatório também aponta para a participação de outras figuras políticas e públicas, incluindo o jornalista Paulo Figueiredo e o pastor Silas Malafaia, em estratégias para minar as decisões do STF e influenciar a política brasileira. O material já foi encaminhado à Procuradoria-Geral da República (PGR), que deve avaliar se há elementos suficientes para formalizar uma denúncia ao STF.

Este desdobramento ocorre em meio a um momento tenso na política brasileira, com diversos inquéritos e investigações envolvendo membros da família Bolsonaro, colocando a atuação do deputado e do ex-presidente no centro de uma ampla discussão sobre a preservação das instituições democráticas no país. A sociedade aguarda as próximas etapas do processo, que poderão ter sérias repercussões tanto no campo político quanto jurídico.

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Bruno Rigacci

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