Em entrevista ao The New York Times, Lula exalta STF e nega “caça às bruxas”; Confira
Em artigo publicado neste domingo (14/9) no jornal The New York Times, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) celebrou o julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que resultou na condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de outros sete aliados por tentativa de golpe de Estado. Lula classificou a decisão como “histórica” e afirmou que ela protege as instituições e a democracia brasileira.
A publicação, escrita em tom firme e diplomático, foi também uma resposta ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que havia criticado o julgamento e insinuado perseguição política. “Isso não foi uma ‘caça às bruxas’”, rebateu Lula, em alusão direta à fala usada por Trump em diversas ocasiões ao comentar seus próprios processos judiciais.
“Estou orgulhoso da Suprema Corte brasileira pela decisão histórica da última quinta-feira, que protege as nossas instituições e o Estado Democrático de Direito”, escreveu Lula. “O julgamento é fruto de procedimentos estabelecidos em acordo com a Constituição Brasileira de 1988, promulgada depois de duas décadas de uma ditadura militar.”
Condenações e contexto
O ex-presidente Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e três meses de prisão por cinco crimes relacionados à tentativa de golpe. Entre os condenados também estão os ex-ministros Paulo Sérgio Nogueira, Walter Braga Netto, Anderson Torres e Augusto Heleno. Completam a lista o ex-diretor da Abin, Alexandre Ramagem, e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid.
O julgamento, conduzido pela Primeira Turma do STF, gerou reações internacionais — inclusive nos EUA, onde grupos ligados a Trump manifestaram desconfiança quanto à imparcialidade do processo.
Críticas ao tarifaço e à postura dos EUA
No mesmo artigo, Lula também reagiu ao recente aumento de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, imposto pelo governo dos EUA em agosto. O presidente criticou a postura de Washington e afirmou que “a democracia e a soberania brasileiras não estão na mesa” de negociações.
Além disso, Lula refutou críticas do governo dos EUA a políticas brasileiras envolvendo regulação de big techs e ao sistema de pagamentos Pix. Segundo ele, as empresas de tecnologia que operam no país devem seguir a legislação nacional, e o Pix é um exemplo de inclusão econômica de sucesso.
“Presidente Trump, continuamos abertos a negociar qualquer coisa que possa trazer benefícios mútuos. No entanto, a democracia e soberania brasileiras não estão na mesa”, escreveu Lula.
“Durante o seu primeiro discurso na Assembleia Geral da ONU em 2017, disse que ‘nações soberanas permitem que países diversos com diferentes valores, diferentes culturas e diferentes sonhos não só coexistem, mas trabalham lado a lado com base no respeito mútuo’. É assim que eu enxergo a relação entre o Brasil e os Estados Unidos.”
Reações e repercussão
O artigo já repercute fortemente na imprensa internacional e nacional. No Brasil, a fala de Lula foi vista como um gesto de respaldo ao Judiciário e uma tentativa de reforçar a legitimidade institucional do país frente às críticas internacionais. Nos Estados Unidos, o texto deve acirrar os debates sobre política externa e os limites da influência de figuras como Trump em questões de outros países.





