Moraes faz inusitado pedido a Zanin e é rapidamente atendido

O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu ampliar o tempo dedicado ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de mais sete aliados, acusados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de suposta participação em uma trama golpista. A ampliação, considerada inusitada, foi determinada a pedido do ministro Alexandre de Moraes e chancelada pelo presidente da Primeira Turma da Corte, ministro Cristiano Zanin.

Inicialmente previsto para se estender por cinco sessões, o processo agora contará com pelo menos seis datas de julgamento, incluindo uma sessão extra marcada para 11 de setembro — uma data carregada de simbolismo para a política global e, agora, também para a política brasileira.

Sessão plenária do STF foi cancelada para abrir espaço ao caso

Para viabilizar a ampliação do julgamento, a tradicional sessão plenária do STF — que normalmente ocorre às quartas e quintas-feiras — foi cancelada especificamente no dia 11. Isso permitirá duas sessões adicionais da Primeira Turma, com foco exclusivo no processo que envolve Bolsonaro e seus aliados.

“A medida visa garantir tempo suficiente para a análise dos votos dos ministros, caso haja alongamento dos debates”, justificou a assessoria do STF.

Contudo, nos bastidores da política e entre juristas críticos ao avanço das competências do Supremo, a decisão é vista como mais um indício de que o julgamento estaria sendo conduzido com resultado previamente delineado.

Julgamento sob o comando de Moraes gera desconfiança

O processo é considerado o núcleo central das investigações envolvendo os atos de 8 de janeiro e supostas articulações antidemocráticas atribuídas ao entorno de Bolsonaro. E, apesar do STF reafirmar sua imparcialidade, a condução do caso por Alexandre de Moraes, relator de diversos processos envolvendo a direita política, tem alimentado críticas de setores que enxergam uma “justiça de exceção” em curso.

Para críticos, o protagonismo de Moraes e a antecipação de decisões tomadas fora do Plenário principal — agora sendo julgadas pela Primeira Turma — levantam sérias dúvidas sobre a imparcialidade e o devido processo legal. A decisão de reservar sessões extras apenas reforça essa percepção.

“O que estamos vendo é um julgamento político, com narrativa pronta e sentença desenhada. Não é Justiça, é espetáculo”, disse um parlamentar da oposição que preferiu não se identificar.

Clima de tensão política e institucional

A ampliação do julgamento também ocorre em um momento em que o STF volta ao centro do debate público, acusado por setores da sociedade de ultrapassar os limites constitucionais de sua atuação. As decisões monocráticas, o uso recorrente de inquéritos sigilosos e o acúmulo de poderes por parte de Moraes são frequentemente apontados como sintomas de um Judiciário que deixou de ser árbitro para se tornar parte do jogo político.

Enquanto isso, o ex-presidente Bolsonaro e seus aliados seguem negando qualquer envolvimento em tramas golpistas e acusam o STF de perseguição.

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Bruno Rigacci

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