Globo encerra contrato de forma abrupta e atinge diretamente 55 cidades

No último domingo (31), a TV Globo encerrou de forma abrupta uma das parcerias mais antigas de sua rede de afiliadas: o contrato com a TV Fronteira, emissora sediada em Presidente Prudente, no interior de São Paulo. A partir da meia-noite, a TV Tem, com sede em Bauru, passou a ser a nova representante da Globo na região. Contudo, a transição foi tudo menos tranquila — deixando 55 municípios sem acesso ao sinal aberto da emissora.

Até o momento, apenas Presidente Prudente teve o novo sinal restabelecido. Para o restante da região, a única alternativa é acompanhar a programação da Globo pelo streaming Globoplay, gerando reclamações de moradores e transtornos às operadoras locais, que foram forçadas a realizar ajustes técnicos às pressas.

Decisão judicial selou o fim do contrato

A ruptura ocorreu após a Justiça rejeitar o pedido da TV Fronteira para estender o contrato com a Globo até 2029. Segundo decisão do juiz Victor Agustin Cunha Jaccoud Diz Torres, o pedido da afiliada foi considerado “infundado”, já que a própria Globo ofereceu uma extensão de seis meses para viabilizar a transição. A TV Fronteira, no entanto, recusou, insistindo em uma prorrogação de 30 meses.

Além de perder a causa, a emissora foi condenada a pagar R$ 300 mil em honorários advocatícios.

Política nos bastidores

Nos bastidores, fontes ligadas à Globo afirmam que a decisão de romper com a TV Fronteira foi influenciada pelo perfil político de Paulo Lima, proprietário da emissora e pré-candidato à prefeitura de Presidente Prudente pelo PSB. Segundo apuração, a cúpula da Globo teria se incomodado com o uso da programação local para autopromoção política e também com declarações públicas do empresário sobre identidade de gênero, consideradas incompatíveis com os princípios editoriais da emissora.

Impasse técnico e desorganização

A transição de sinal foi marcada por um verdadeiro caos técnico. Inicialmente, a TV Fronteira conseguiu uma liminar para impedir a substituição, o que atrasou os planos da Globo. A decisão, no entanto, foi revertida dias depois, obrigando operadoras de TV e fornecedores a realizarem reconfigurações de última hora, como ajustes de CEPs e mudanças na grade de canais.

O processo foi interrompido e retomado diversas vezes, deixando dezenas de cidades temporariamente no escuro quanto à programação da Globo. Enquanto isso, a TV Fronteira seguiu transmitindo conteúdo próprio, incluindo vinhetas institucionais, comunicados e até três horas de jornalismo local por dia — uma tentativa de manter relevância regional diante da perda do selo Globo.

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Bruno Rigacci

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