Começa o desespero no Planalto diante da real possibilidade de novas sanções de Trump
Com o início do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) marcado para as 9h desta terça-feira (2), na Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), cresce a apreensão dentro do governo federal quanto às repercussões internacionais de uma eventual condenação. Segundo apuração da CNN Brasil, há preocupação real sobre a possibilidade de os Estados Unidos adotarem sanções contra autoridades brasileiras, agravando as já tensas relações bilaterais.
O processo será relatado pelo ministro Alexandre de Moraes, que já foi alvo de sanções simbólicas por parte do governo Donald Trump, com base na Lei Magnitsky — legislação americana que permite penalidades contra indivíduos acusados de violar direitos humanos.
Fontes diplomáticas consultadas pela imprensa indicam que, embora ainda não haja qualquer anúncio oficial por parte da Casa Branca, o clima em Brasília é de atenção máxima. A avaliação é que uma eventual condenação de Bolsonaro — considerado a principal liderança da direita brasileira — possa ser interpretada por setores do governo americano como um gesto de perseguição política, especialmente entre aliados republicanos.
Relações comerciais sob tensão
Na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou o Itamaraty a acionar a Câmara de Comércio Exterior (Camex), em resposta ao tarifaço de 50% imposto pelos EUA a produtos estratégicos da economia brasileira, como aço e alumínio. A medida é vista como parte da aplicação da chamada Lei da Reciprocidade Econômica, que permite ao Brasil retaliar com tarifas equivalentes.
Apesar da reação formal, assessores do Planalto reconhecem, em caráter reservado, que enfrentar economicamente os EUA é uma disputa assimétrica. “Estamos diante de uma potência que dita regras globais. A margem de manobra do Brasil é limitada”, confidenciou um diplomata envolvido nas negociações.
Especulações sobre o tipo de sanção
Nos bastidores, especula-se que eventuais sanções dos EUA em resposta a decisões do STF poderiam atingir setores estratégicos, como acordos de cooperação tecnológica, transferências de inteligência ou até linhas de crédito e investimentos. Segundo analistas internacionais ouvidos pela imprensa, dificilmente seriam punições meramente simbólicas.
Embora não haja indícios de interferência direta da Casa Branca no julgamento, a percepção de alinhamento político entre autoridades brasileiras e partidos democratas nos EUA levanta questionamentos sobre imparcialidade e soberania institucional.
Resultado dado como certo?
Internamente, há também críticas sobre o andamento do processo. Parte da oposição e aliados de Bolsonaro classificam o julgamento como “um rito com resultado previamente definido”, em razão do protagonismo do ministro Alexandre de Moraes ao longo das investigações sobre os atos antidemocráticos de 8 de janeiro e outras suspeitas envolvendo o ex-presidente.
“A sensação é de que tudo já está pronto. É uma realidade triste e chocante para a democracia”, disse à imprensa uma fonte ligada à defesa de um dos réus.
O STF não comenta declarações políticas sobre seus processos. O tribunal reforça que o julgamento seguirá os trâmites legais, com sustentações orais, voto dos ministros e possibilidade de apresentação de recursos.