Globo abre as portas para Alckmin, que quase “chora” em rede nacional sobre tarifa de Trump
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), participou na manhã desta quinta-feira (31) do programa Mais Você, apresentado por Ana Maria Braga, na TV Globo, em meio a uma das mais delicadas crises comerciais recentes entre Brasil e Estados Unidos.
A aparição, marcada por um tom emocional, ocorreu apenas um dia após o presidente americano, Donald Trump, oficializar tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros, medida que atinge diretamente o agronegócio, a indústria e o setor de energia.
Durante a entrevista ao vivo, Alckmin demonstrou visível tensão ao comentar o impacto da decisão e chegou a se emocionar ao afirmar que o governo Lula está empenhado em reverter a medida.
“As negociações começam hoje”, declarou o vice-presidente, com a voz embargada.
“Não é apenas uma questão econômica, é uma questão de soberania e respeito entre nações.”
Medida vista como “desesperada” por analistas
A fala de Alckmin ocorre em um momento de enorme desgaste diplomático para o governo brasileiro. A tarifação dos EUA foi vista por analistas como uma retaliação indireta ao ambiente político e institucional do país, agravado nos últimos dias pela sanção imposta ao ministro do STF Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky, também pelo governo Trump.
Fontes da diplomacia brasileira classificaram a reação americana como “incomum, dura e politicamente motivada”, o que eleva o grau de urgência para reverter os danos.
A tentativa de Alckmin de adotar um tom conciliador em um programa de entretenimento matinal, normalmente distante da pauta política, foi interpretada por parte da opinião pública como uma estratégia para falar diretamente com a população — mas também foi criticada por setores empresariais, que esperavam um posicionamento técnico e firme em ambientes diplomáticos e econômicos.
“Foi uma medida desesperada e improvisada. Faltou firmeza institucional”, avaliou um economista da FGV sob reserva.
Impacto comercial
As tarifas de até 50% afetam produtos-chave como soja, carne bovina, aço e etanol, setores em que o Brasil tem forte presença no mercado internacional. A medida já provocou queda nas bolsas e alta no dólar nesta quinta-feira, além de preocupações entre produtores e exportadores brasileiros.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) e entidades do agronegócio devem emitir notas oficiais ainda hoje. A expectativa é de que haja pressão sobre o Itamaraty e o Ministério da Fazenda para uma reação coordenada e diplomática mais enérgica.
Lula ainda em silêncio
Até o momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se pronunciou diretamente sobre a imposição das tarifas, nem sobre as sanções a Alexandre de Moraes. A ausência de Lula no debate, combinada com a resposta emotiva de Alckmin, ampliou críticas de que o governo estaria sem comando claro em temas internacionais.