Pesquisa mais aguardada por Lula é péssima para o governo

Apesar de um pequeno aumento na aprovação do governo federal, que passou de 40% em março para 43% em julho, e uma leve queda na reprovação, de 57% para 53%, os números mais recentes da pesquisa Genial/Quaest, divulgada nesta semana, acendem um sinal de alerta no Palácio do Planalto. Mais do que os índices de popularidade, os dados indicam uma deterioração da percepção econômica da população e uma associação direta entre os efeitos negativos da política externa e a figura do presidente Lula.

Uma análise publicada pela Revista Crusoé destacou os pontos mais sensíveis do levantamento, entre eles o alto grau de pessimismo econômico e o impacto direto das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, anunciadas no início do mês pelo presidente Donald Trump.

Principais dados reveladores da pesquisa:

  • 80% dos entrevistados acreditam que as tarifas americanas vão prejudicar sua vida pessoal;

  • Pela primeira vez, há mais pessimistas (43%) que otimistas (35%) em relação ao futuro da economia brasileira nos próximos 12 meses;

  • Em maio, os dados eram opostos: 45% estavam otimistas e apenas 30% pessimistas;

  • 56% dizem que está mais difícil conseguir emprego hoje do que há um ano;

  • 80% afirmam que o poder de compra piorou em comparação ao ano anterior;

  • A percepção é de que, diante da piora nas condições de vida, a culpa recai majoritariamente sobre o governo federal.

Crise de confiança

Para o cientista político Leonardo Barreto, ouvido pela Crusoé, os dados vão além de oscilações naturais em índices de aprovação e demonstram uma queda de confiança no futuro sob a liderança de Lula. Segundo ele:

“Lula é visto como a pessoa que provocou uma crise, a qual 80% dos brasileiros acham que será ruim. Isso é horroroso para o governo.”

A análise ressalta que, embora o governo tente demonstrar normalidade e apostar na recuperação econômica, a percepção pública é de que as medidas adotadas até agora não surtiram efeito visível no cotidiano da população — e que a crise externa, particularmente com os EUA, acentua o desgaste.

O fator “tarifas” e o peso da narrativa

A imposição de tarifas de 50% pelos EUA sobre produtos brasileiros, somada à resposta inicial do presidente Lula — que ironizou a medida com declarações que repercutiram mal — reforçou a ideia de que o Brasil está em rota de colisão com seu principal parceiro comercial. Para a maioria dos brasileiros, essa tensão afeta diretamente seu bolso.

A narrativa de que o governo está isolado internacionalmente, ou que suas decisões diplomáticas estão sendo tomadas com viés ideológico, encontra eco em parte significativa da população, como indicam os números.

Conclusão

Embora a aprovação pessoal de Lula tenha mostrado resiliência moderada, o crescente pessimismo econômico e a associação direta entre o governo e a piora das condições de vida representam um desafio político real. A perda da confiança no futuro pode ser mais prejudicial a médio prazo do que quedas pontuais em índices de popularidade — e a tendência, se mantida, pode ter impacto direto nas eleições municipais de 2026 e na governabilidade.

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Bruno Rigacci

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