Depois de anos, Bolsonaro revela o que ninguém sabe sobre o “caso Adélio

Em entrevista concedida recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro voltou a levantar suspeitas sobre a condução do inquérito que apura o atentado que sofreu em 2018, durante a campanha presidencial. Segundo Bolsonaro, o delegado da Polícia Federal que esteve à frente das investigações envolvendo Adélio Bispo de Oliveira — autor confesso da facada — teria sido promovido a diretor de inteligência da PF no atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

“O delegado da Polícia Federal responsável pelo caso Adélio – que até hoje segue sem resposta concreta – foi alçado ao cargo de diretor de inteligência da PF no governo Lula”, afirmou Bolsonaro.

A declaração faz parte de um discurso mais amplo em que o ex-presidente denuncia o que classifica como perseguição política sistemática. Bolsonaro afirma estar sendo alvo de um “cerco sem precedentes”, enquanto figuras envolvidas em escândalos de corrupção estariam sendo absolvidas ou blindadas.

“Coincidência? Difícil acreditar”

Bolsonaro comparou a sua situação à de opositores políticos em regimes autoritários, citando práticas como lawfare (uso estratégico do aparato judicial para fins políticos), pesca probatória, quebra de sigilo, buscas e apreensões, além de prisões visando delações premiadas — tudo isso, segundo ele, sem provas concretas.

“Jamais se viu algo parecido na história. Sem minuta. Sem armas. Sem qualquer indício que sustente as manchetes fabricadas. O que sobra é apenas a narrativa – a velha farsa do golpe – criada para justificar o uso da máquina do Estado contra um adversário político”, declarou.

O ex-presidente sugeriu que, no Brasil atual, “quem enfrenta o sistema é perseguido, e quem serve ao sistema, é promovido”.

Caso Adélio: mistérios e impasses

O atentado contra Jair Bolsonaro em setembro de 2018, durante um ato de campanha em Juiz de Fora (MG), foi um dos eventos mais impactantes do processo eleitoral daquele ano. Adélio Bispo foi preso em flagrante, confessou o ataque, e posteriormente foi declarado inimputável por transtornos mentais.

Desde então, Bolsonaro e aliados cobram o aprofundamento das investigações, alegando que há pontos obscuros sobre a real motivação e possível articulação por trás do atentado. A Polícia Federal concluiu que Adélio agiu sozinho, mas o inquérito foi reaberto em outras ocasiões, sem resultados concretos até agora.

Reações e silêncio oficial

Até o momento, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça não comentaram publicamente as declarações do ex-presidente, nem confirmaram ou negaram a eventual promoção do delegado citado por Bolsonaro.

Nos bastidores, integrantes do governo afirmam que as investigações sempre seguiram os trâmites legais e que não há perseguição contra Bolsonaro, que responde a processos judiciais baseados em apurações com respaldo do Judiciário e do Ministério Público.

Ainda assim, a fala reacende o debate sobre o uso político das instituições, a independência da Polícia Federal e a condução de investigações sensíveis no ambiente polarizado do país. O discurso de Bolsonaro deverá seguir como um dos eixos centrais de sua estratégia de enfrentamento político e mobilização de sua base.

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Bruno Rigacci

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