Jornalista se revolta com fala de Mourão contra Trump e manda dura resposta ao senador
Durante uma audiência pública da Comissão de Relações Exteriores (CRE) do Senado realizada nesta terça-feira (15), o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice-presidente da República, criticou as recentes declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre temas da política interna brasileira. A fala provocou intensa repercussão nas redes sociais, incluindo respostas duras de jornalistas e influenciadores.
“Não aceito que o Trump venha meter o bedelho num caso aqui que é interno nosso”, afirmou Mourão, ao comentar as justificativas apresentadas por Washington para a imposição de tarifas sobre exportações brasileiras — entre elas, decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro e o que Trump chamou de “censura” a plataformas digitais nos EUA por influência do Judiciário brasileiro.
Reações imediatas
A fala de Mourão causou revolta e dividiu opiniões nas redes. Críticos do governo Biden-Trump enxergaram a manifestação como necessária diante de uma ingerência externa. Já setores ligados à oposição e a figuras do campo conservador acusaram o senador de hipocrisia e omissão diante de supostas injustiças internas no Brasil.
O jornalista mineiro Alexandre Siqueira foi um dos que reagiram de forma mais dura:
“General Mourão, o senhor, digo você, vai levar cigarros para o Jair Bolsonaro na cadeia?
Não que ele fume, mas é moeda de troca para conter abusos que poderá sofrer por lá, quem sabe até a morte.
[…] As injustiças estão acontecendo debaixo do nariz de vocês, senadores, que não movem uma palha para colocar ordem na casa”, escreveu Siqueira em um longo texto publicado em seu perfil.
O jornalista também criticou duramente a atuação do Senado, mencionando os presidentes da Casa — Davi Alcolumbre e Rodrigo Pacheco — como símbolos de inércia e conivência. Ele acusou Mourão de manter um “discurso rebuscado de falsa soberania” enquanto, segundo ele, “milhares de brasileiros seguem presos injustamente”.
Contexto de tensão
As críticas a Mourão acontecem em meio à escalada diplomática entre Brasil e Estados Unidos. Com a tarifa de 50% prestes a entrar em vigor, o governo Lula busca reabrir negociações com a Casa Branca, mas ainda não recebeu resposta formal à carta enviada em maio. O presidente Donald Trump, por sua vez, vem usando retórica agressiva para justificar a medida, mencionando diretamente o STF e a “falta de liberdade de expressão” no Brasil.
O clima é de tensão política dentro e fora do país, com críticas se acumulando tanto contra o governo federal quanto contra o Congresso, acusado de passividade em relação ao avanço do Judiciário e à crise comercial com os EUA.
E o Senado?
A Comissão de Relações Exteriores deve elaborar um relatório sobre os impactos das medidas americanas e as alternativas diplomáticas para o Brasil. Nos bastidores, cresce a pressão para que o Senado assuma um papel mais ativo no enfrentamento da crise — inclusive com críticas vindas de dentro da própria Casa.
Enquanto isso, o embate entre soberania nacional e a realidade de um cenário geopolítico cada vez mais tenso segue expondo rachaduras nas lideranças brasileiras, com o Senado no epicentro da tempestade política.