Otoni de Paula após se aliar a Lula tenta agora se afastar para garantir a reeleição
O deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), conhecido no cenário político como um dos expoentes do bolsonarismo evangélico, surpreendeu muitos ao, recentemente, se aproximar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva — uma aliança improvável que gerou críticas entre seus antigos apoiadores. Agora, com as eleições se aproximando e a base conservadora pressionando, o parlamentar parece dar meia-volta em sua estratégia.
Na última terça-feira (8), Otoni protocolou um pedido à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando a investigação de Lula por sua recente visita à Favela do Moinho, em São Paulo. A visita, articulada por uma ONG que, segundo denúncias, teria conexões com a facção criminosa PCC, se tornou o gancho ideal para Otoni tentar se desvincular da imagem de “novo aliado do PT”.
Em seu pedido, o deputado afirma que a visita pode ter violado diversos dispositivos legais, citando possíveis crimes de prevaricação, associação criminosa, organização criminosa e advocacia administrativa — este último se refere ao uso da máquina pública para promover interesses privados.
A movimentação de Otoni acontece num momento politicamente delicado. Sua aliança recente com Lula foi vista por muitos como oportunista, um movimento possivelmente motivado por promessas de cargos ou vantagens nos bastidores do poder. No entanto, com o termômetro eleitoral mostrando que o apoio ao governo Lula segue baixo entre o eleitorado evangélico e conservador — base natural do parlamentar — o risco de não reeleição parece ter falado mais alto.
“Parece meio tarde para que Otoni tenha sido capturado pela lucidez”, comenta um analista político. “A lembrança de sua aproximação com Lula e o PT ainda está fresca na mente do eleitor conservador. Essa tentativa de recuo pode soar mais como desespero do que como convicção.”
O episódio ilustra mais um capítulo da complexa dança de alianças que marca o cenário político brasileiro. Otoni tenta agora, aos olhos do seu público, se reposicionar como um “arrependido”, na esperança de que sua base lhe conceda uma segunda chance. Mas, como diz o ditado, na política — assim como na vida — certas traições não se esquecem tão facilmente.