O novo “alvo” dentro do Supremo
O senador Magno Malta (PL-ES) voltou a protagonizar um embate direto com o Supremo Tribunal Federal (STF), em discurso inflamado no plenário do Senado. Durante sua fala, ele lançou duras críticas aos ministros da Corte, com ataques pessoais à ministra Cármen Lúcia e ao ministro Dias Toffoli.
O estopim para a reação de Malta foi uma declaração de Cármen Lúcia durante sessão no STF, em que a ministra abordou os limites da liberdade de expressão e criticou a ideia de uma sociedade onde todos se sintam soberanos para atacar ou difamar. “A grande dificuldade está aí: censura é proibida constitucionalmente, eticamente, moralmente, e eu diria até espiritualmente. Mas também não se pode permitir que estejamos numa ágora em que haja 213 milhões de pequenos tiranos soberanos”, afirmou a magistrada.
Malta não hesitou em retrucar. Em tom indignado, rebateu:
“Cármen Lúcia, tirana é você. [São] 203 milhões de tiranos. Ontem foi a festa do regozijo. Ontem eles se fecharam e teve até choro. Foi tão emocional que o Toffoli chorou lágrimas de crocodilo.”
A fala referia-se a uma suposta celebração interna no STF, interpretada por críticos como sinal de autocomplacência em meio a críticas públicas sobre o poder excessivo da Corte.
Críticas a Toffoli e ao inquérito das fake news
Além de Cármen Lúcia, o senador destinou parte de seu discurso ao ministro Dias Toffoli, a quem responsabilizou por ter iniciado o controverso inquérito das fake news. Segundo Malta, o ministro teria “criado” o inquérito com base em uma interpretação própria do regimento interno do STF.
“Ele [Toffoli] entrou ali para cumprir uma missão demorada de anos. Ele pegou o regimento interno do STF e criou o inquérito das fake news. A gente fala em Alexandre cabeça… não vou nem falar porque uma cartela de ovo tá custando 30 reais”, ironizou o senador, em referência indireta ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito.
Escalada de tensão entre Poderes
As declarações de Magno Malta vêm num momento de crescente tensão entre o Congresso Nacional e o STF. Nos bastidores de Brasília, o discurso do senador foi interpretado por aliados como um aceno à base conservadora, mas também como um reflexo do desgaste institucional entre Legislativo e Judiciário.
Setores do Senado vêm discutindo limites para a atuação do STF, especialmente diante de críticas relacionadas a ativismo judicial, censura e liberdade de expressão. Já a Corte se defende, alegando que suas ações visam proteger a democracia e combater a desinformação e os ataques às instituições.
Repercussão
Até o momento, não houve resposta oficial da ministra Cármen Lúcia ou do ministro Toffoli às falas do senador. No entanto, a expectativa é que a discussão se intensifique nos próximos dias, com possíveis reações de outros membros do Senado e do próprio STF.