The Economist desmoraliza Lula e revela o óbvio: autoridade moral não se impõe, se conquista

Em recente artigo, o respeitado jornal britânico The Economist fez duras críticas à atuação internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontando falhas não apenas em sua diplomacia, mas, sobretudo, naquilo que chamou de ausência de “autoridade moral”. Em resposta, o Itamaraty divulgou uma nota oficial afirmando que Lula detém, sim, tal autoridade, reconhecida por lideranças internacionais.

Mas essa é uma resposta que levanta mais dúvidas do que resolve.

Afinal, autoridade moral não se decreta por comunicado oficial. Ela não se impõe, nem se declara. Autoridade moral é um reconhecimento que vem de fora, fruto da coerência entre discurso e prática, do compromisso inegociável com valores universais como liberdade, democracia, direitos humanos e, acima de tudo, a verdade.

Sem verdade, não há autoridade moral possível.

Lula tem tentado se colocar como uma espécie de porta-voz do Sul Global, reivindicando um protagonismo político em temas como meio ambiente, desigualdade e geopolítica. No entanto, sua postura ambígua diante de regimes autoritários, guerras e violações de direitos humanos fragiliza essa pretensão.

Quando o presidente brasileiro relativiza crimes de ditaduras amigas, ataca seletivamente democracias consolidadas e omite-se diante de atrocidades cometidas por aliados ideológicos, perde-se o alicerce da verdade — e com ele, a legitimidade moral.

As declarações polêmicas de Lula sobre o conflito entre Israel e o Hamas, que foram classificadas por muitos como antissemitas, além do apoio explícito ao regime fundamentalista do Irã, colocam em xeque não apenas sua diplomacia, mas sua credibilidade como líder global.

Autoridade moral não é propaganda, não se constrói com marketing político, tampouco com alianças circunstanciais. Ela não é derivada do capital político acumulado, mas da integridade de conduta. E a integridade, por sua vez, se prova nos momentos difíceis, quando os princípios são mantidos mesmo sob pressão ou diante de interesses conflitantes.

Quando Lula ignora a repressão em países como Nicarágua, Venezuela ou Cuba, enquanto vocifera contra democracias liberais ocidentais, ele transmite ao mundo uma mensagem de incoerência, não de liderança.

O verdadeiro líder moral é aquele cuja voz não precisa ser amplificada artificialmente, pois ecoa com respeito, consistência e legitimidade. Não é aquele que se impõe, mas aquele que é ouvido porque é confiável.

Se Lula deseja, de fato, exercer um papel de relevância moral no cenário internacional, precisará mais do que notas oficiais. Precisará coragem para confrontar ditaduras, compromisso com a liberdade e a justiça, e, principalmente, fidelidade à verdade — mesmo quando ela não favorece os aliados de ocasião.

Porque, no fim das contas, autoridade moral não é um título. É uma conquista.

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Bruno Rigacci

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