Comissão de Ética barra aliada de Janja em agência de influencers

A Comissão de Ética Pública da Presidência da República (CEP) vetou a nomeação da ex-secretária de Estratégias e Redes da Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), Brunna Rosa, para um cargo na agência Mynd8, especializada em assessorar influenciadores e personalidades públicas. A decisão foi baseada no risco de conflito de interesses, já que Brunna teve acesso a informações sensíveis durante sua atuação no governo federal.

A ex-integrante da Secom é considerada aliada próxima da primeira-dama Janja da Silva e deixou o cargo em janeiro de 2025, após pouco menos de dois meses de atuação. A decisão de sua demissão partiu diretamente do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que nomeou Mariah Queiroz Costa Silva, ex-responsável pelas redes sociais do prefeito do Recife, João Campos (PSB), como sua substituta.

Função estratégica no governo Lula

Durante seu curto período na Secom, Brunna teve papel de destaque no monitoramento da imagem pública do governo federal e na coordenação das estratégias digitais de comunicação dos 38 ministérios, além da própria Presidência. Ela também liderava análises de eventos estratégicos como o G20 e a COP30, e coordenava pesquisas internas sobre a popularidade de Lula e do governo.

Essas responsabilidades fizeram com que a Comissão de Ética avaliasse que Brunna teve acesso a dados privilegiados e sensíveis que, caso utilizados em sua atuação no setor privado, poderiam configurar vantagem indevida e desequilíbrio de mercado.

Decisão: quarentena de 6 meses

A Comissão de Ética determinou que Brunna cumprirá quarentena de seis meses, contados a partir de 23 de fevereiro de 2025, data em que ela recebeu a proposta para trabalhar na Mynd8. Durante esse período, ela está proibida de assumir funções no setor privado relacionadas ao que exercia no governo.

“Caso receba outras propostas de trabalho, contrato ou negócio no setor privado durante o período de 6 (seis) meses de vigência da quarentena, e tenha interesse em aceitá-las, deverá comunicar o fato imediatamente a esta Comissão de Ética Pública”, afirma o parecer da CEP.

Destino frustrado na EBC e bastidores políticos

Fontes do Palácio do Planalto relataram que a primeira-dama Janja desejava que Brunna Rosa fosse transferida para a Empresa Brasil de Comunicação (EBC) após sua saída da Secom. No entanto, a movimentação foi mal recebida por Sidônio Palmeira, então ministro da Secom, que teria barrado a mudança.

A intenção de Brunna de ingressar na Mynd8 envolvia atuação direta em marketing político, segmento sensível para quem, até recentemente, elaborava e coordenava estratégias de comunicação institucional do governo federal.

Contexto político e ético

A decisão da CEP ocorre em um momento em que o governo Lula tenta fortalecer a imagem institucional diante de críticas sobre gastos com eventos como a COP30 e a condução da comunicação oficial. A vinculação de figuras-chave do governo com agências de marketing privado levanta questionamentos sobre a separação entre funções públicas e interesses comerciais.

A Mynd8, conhecida por representar nomes como Gil do Vigor e Preta Gil, é uma das principais agências de marketing de influência no Brasil, e tem expandido sua atuação para o campo da política e comunicação institucional — o que amplia os riscos de uso indevido de informações estratégicas por ex-servidores.

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Bruno Rigacci

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