Ministros do STF ironizam apelido “cabeça de ovo” durante julgamento de militares

Durante a sessão do Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (20), o ministro Alexandre de Moraes exibiu mensagens extraídas pela Polícia Federal (PF) que integram o inquérito sobre a suposta tentativa de golpe de Estado envolvendo integrantes das Forças Armadas. Um dos trechos mais comentados da sessão foi o momento em que Moraes leu, em tom irônico, apelidos atribuídos a ele por alguns dos investigados.

Entre os codinomes usados pelos militares, chamou atenção o termo “cabeça de ovo”, mencionado pelo coronel do Exército Márcio Nunes de Resende Júnior. A frase lida por Moraes em plenário foi:

“Se a gente não tem coragem de enfrentar o cabeça de ovo, vamos enfrentar quem?”

A leitura arrancou reações imediatas no plenário. O ministro Flávio Dino, presente na sessão, não perdeu a oportunidade de fazer uma observação bem-humorada:

“Quero dizer, Vossa Excelência, que o anterior é mais simpático: centro de gravidade.”

Críticas ao comportamento dos acusados

Apesar do tom irônico, Moraes foi firme em suas críticas. O relator da ação destacou a “criatividade” dos militares para criar apelidos depreciativos contra membros da Corte, mas alertou para o nível de vulgaridade e agressividade presente nas mensagens interceptadas.

Em uma das transcrições lidas, o ministro destacou o uso de termos ofensivos por parte dos denunciados e disparou:

“Parece que a característica dos militares golpistas é a falta de educação aguda para poder ser promovido, talvez.”

Julgamento do “núcleo militar” do golpe

O caso em julgamento trata da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra 12 militares, integrantes do chamado “núcleo 3” da estrutura que teria arquitetado uma tentativa de golpe para impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva após as eleições de 2022.

A sessão do STF foi aberta com a leitura do relatório da acusação, seguida pela sustentação oral das defesas. A subprocuradora-geral da República Claudia Sampaio Marques apresentou a acusação, e Moraes iniciou a leitura de seu voto com a análise das questões preliminares levantadas pelos advogados dos réus.

O julgamento deverá prosseguir nos próximos dias, com os votos dos demais ministros da Corte.

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Bruno Rigacci

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