Mensagens contra Michelle vazam, Bolsonaro reage e promete agir

O ex-presidente Jair Bolsonaro manifestou profunda insatisfação após a divulgação de mensagens privadas entre dois nomes de peso de sua antiga gestão: Mauro Cid, ex-ajudante de ordens, e Fabio Wajngarten, ex-secretário de Comunicação. Os diálogos, extraídos do celular de Cid durante apurações da Polícia Federal, trazem críticas e ironias direcionadas à ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, revelando rachaduras no núcleo duro do bolsonarismo.

As mensagens, trocadas em janeiro de 2023 — período em que Bolsonaro ainda era elegível e exercia influência mesmo estando fora do país — foram divulgadas pelo jornalista Aguirre Talento e provocaram um abalo significativo na base aliada do ex-presidente.

Reunião com Valdemar e Busca por Respostas

Diante do mal-estar, Bolsonaro anunciou que se reunirá com Valdemar Costa Neto, presidente do PL, para discutir o episódio e avaliar possíveis providências. “Vou conversar com o Valdemar sobre isso. Vamos ver o que fazer. Um falou besteira, o outro concordou”, declarou o ex-mandatário, visivelmente incomodado.

Fontes próximas afirmam que Bolsonaro vê as mensagens como reflexo de um incômodo antigo com a postura firme e organizada de Michelle à frente de atividades no Palácio do Planalto, o que teria desagradado setores internos da gestão.

Michelle: De símbolo de ordem a alvo de críticas

Nas conversas vazadas, Wajngarten compartilha com Cid uma reportagem que especulava uma possível candidatura presidencial de Michelle. A resposta de Cid foi debochada: “Prefiro o Lula Hahahaha”. Wajngarten, por sua vez, concordou: “Idem”.

O sarcasmo surpreendeu até mesmo aliados mais próximos. Para muitos, o conteúdo revela resistência dentro da base bolsonarista a uma eventual candidatura da ex-primeira-dama e mostra que, apesar da fachada de unidade, havia tensão latente nos bastidores.

Salário e papel de Michelle também foram alvos

Outro ponto das mensagens diz respeito ao salário de R$ 39 mil pago a Michelle pelo PL, onde ela atua como presidente do PL Mulher. Wajngarten ironizou: “Em que mundo o Valdemar está vivendo?”. A crítica sugere descontentamento não só com o valor, mas com o protagonismo político dado à ex-primeira-dama, mesmo sem cargo eletivo.

Atritos, fidelidade e rachaduras internas

Apesar das aparências, o grupo que sustentou Bolsonaro durante seu mandato começa a dar sinais visíveis de desgaste. O próprio ex-presidente admitiu que Michelle causava incômodo em parte da equipe por seu estilo disciplinador. “Diferentemente da atual primeira-dama, Michelle botava ordem na casa, e o pessoal não gostava”, afirmou.

A tensão interna exposta fragiliza o discurso de coesão da direita bolsonarista e coloca Bolsonaro diante de um novo desafio: administrar não apenas a oposição e os processos judiciais, mas também as divisões internas que ameaçam sua liderança.

Repercussão política e nas redes

A reação nas redes sociais foi imediata. Apoiadores de Bolsonaro se mostraram solidários a Michelle e classificaram os comentários como “traição”. A imagem de Mauro Cid, já desgastada por envolvimento em outras investigações, sofreu ainda mais desgaste. Já Wajngarten, conhecido por sua lealdade ao ex-presidente, teve sua reputação abalada entre os conservadores mais fiéis.

O silêncio de ambos após o vazamento gerou ainda mais revolta. Até o momento, nenhum deles se pronunciou oficialmente sobre o caso.

Caminhos incertos e reconstrução política

Com 2026 no horizonte e sua inelegibilidade ainda em discussão, Bolsonaro busca manter seu grupo unido. Michelle, vista como herdeira política natural em caso de impedimento do marido, pode sair fortalecida se conseguir transformar o episódio em capital político junto à base conservadora e evangélica.

A reunião com Valdemar Costa Neto, prevista para os próximos dias, deverá ser decisiva para avaliar se o PL manterá o apoio irrestrito à ex-primeira-dama e como o partido lidará com o desgaste causado por figuras que até pouco tempo eram tidas como pilares do bolsonarismo.

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Bruno Rigacci

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