Moraes determina depoimento de ex-comandantes das Forças Armadas na ação sobre ‘golpe’

Marco Antônio Freire Gomes e Carlos de Almeida Baptista Júnior, que ocuparam os cargos mais altos do Exército e da Aeronáutica durante o governo Bolsonaro, foram intimados pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a prestarem depoimento como testemunhas no inquérito que apura uma tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.

Os depoimentos serão colhidos por videoconferência na próxima semana. O general Freire Gomes será ouvido na segunda-feira (19), às 15h. Já o brigadeiro Baptista Júnior prestará depoimento na quarta-feira (21), às 11h30. A intimação foi encaminhada ao diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos, na última quarta-feira (14).

Oficiais foram arrolados pela defesa de Bolsonaro

Tanto Freire Gomes quanto Baptista Júnior foram arrolados como testemunhas pela defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que é um dos 21 acusados no processo em curso no STF. Ao todo, 34 pessoas foram denunciadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR) com base nas investigações conduzidas pela Polícia Federal.

O objetivo da defesa é demonstrar que não houve envolvimento direto de Bolsonaro em propostas concretas de ruptura institucional. No entanto, os relatos colhidos pela PF indicam o contrário.

Rejeição ao golpe e relatos de pressão

De acordo com as apurações da Polícia Federal, o general Freire Gomes teria reagido de forma enérgica e negativa a uma suposta proposta de golpe apresentada por Bolsonaro após sua derrota eleitoral em 2022. Há relatos de que ele chegou a ameaçar o então presidente com voz de prisão, caso insistisse na ideia.

Já o brigadeiro Baptista Júnior teria presenciado Bolsonaro apresentar “soluções” para reverter o resultado das eleições aos comandantes das Forças Armadas, o que reforça a tese de articulação para um golpe de Estado.

Além de Bolsonaro, Baptista Júnior também figura como testemunha em outro processo envolvendo o ex-comandante da Marinha, Almir Garnier, e o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira.

Lista extensa de testemunhas

A estratégia da defesa de Bolsonaro inclui uma longa lista de testemunhas influentes no meio político e militar. Entre os nomes estão:

  • Tarcísio de Freitas (governador de São Paulo);

  • Hamilton Mourão (senador e ex-vice-presidente);

  • Ciro Nogueira (senador e ex-ministro da Casa Civil);

  • Rogério Marinho (senador e líder da oposição);

  • Eduardo Pazuello (deputado federal e ex-ministro da Saúde).

A expectativa é que essas figuras forneçam argumentos em favor de Bolsonaro, sustentando que não houve tentativa real de golpe, apenas discussões políticas dentro dos limites legais — tese que diverge das evidências reunidas pela PF.

Processo avança no STF

O STF já aceitou as denúncias da PGR contra Bolsonaro e outros acusados, e a ação penal prossegue com colheita de provas e depoimentos. O objetivo é apurar a tentativa de subversão da ordem democrática e eventual envolvimento de militares da ativa e da reserva na elaboração de estratégias golpistas.

O ministro Alexandre de Moraes conduz o inquérito com base em relatórios da Polícia Federal, depoimentos, documentos apreendidos e comunicações eletrônicas interceptadas.

Próximos passos

Após a fase de depoimentos, o STF poderá realizar audiências de instrução e julgamento. A expectativa é que os desdobramentos da investigação contribuam para esclarecer o grau de envolvimento dos diferentes núcleos — político, militar e jurídico — na tentativa de impedir a posse de Lula.

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Bruno Rigacci

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