Deltan pede que PGR investigue ministro que guardou R$ 431 mil em casa

O ex-deputado federal Deltan Dallagnol protocolou nesta semana um ofício junto à Procuradoria-Geral da República (PGR) solicitando a apuração de possíveis crimes de sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica supostamente praticados pelo atual ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz. O pedido se baseia na declaração feita por Queiroz à Justiça Eleitoral em 2022, na qual afirmou possuir R$ 431 mil em espécie fora do sistema bancário.

Dallagnol, que atuou como procurador da Lava Jato e foi eleito deputado pelo Podemos antes de ter seu mandato cassado, argumenta que a posse de grandes quantias em dinheiro vivo é uma prática comumente associada a atividades ilícitas, pela dificuldade de rastreamento da origem dos recursos. Ele também destacou a incompatibilidade entre o montante e a renda declarada por Queiroz.

“Resta a possibilidade – ou probabilidade – da prática de crimes, que podem variar desde uma simples falsidade ideológica até lavagem de dinheiro”, afirma Dallagnol no documento.

Suspeitas sobre origem dos recursos

O ex-parlamentar pontuou que, ao manter R$ 431 mil em espécie, Queiroz abriu mão de rendimentos que seriam obtidos com investimentos bancários, o que, segundo ele, seria uma atitude pouco plausível para alguém com perfil de gestor público. “Se fosse um bilionário, até seria aceitável. Mas não é. Sua declaração de bens totalizou R$ 1,7 milhão em 2022. Então por que manter quase um terço disso em dinheiro vivo?”, questiona Dallagnol.

O ofício enviado à PGR solicita que sejam investigadas a origem do dinheiro, sua eventual movimentação fora do sistema financeiro oficial, e a compatibilidade do patrimônio com os rendimentos de Queiroz. Ele também levanta a possibilidade de crimes eleitorais, já que os dados foram fornecidos durante o registro de candidatura pelo PDT nas eleições de 2022.

Ministro sob pressão

Wolney Queiroz assumiu o comando do Ministério da Previdência Social após a saída conturbada de Carlos Lupi (PDT), afastado em meio ao escândalo revelado pela Operação Sem Desconto. A investigação conjunta da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União apontou um esquema bilionário de fraudes em descontos indevidos em aposentadorias e pensões do INSS.

Antes mesmo de tomar posse, Wolney já enfrentava críticas por ter sido coautor de uma emenda legislativa que flexibilizou o controle sobre os descontos em benefícios previdenciários — justamente o ponto central da fraude investigada.

PGR avaliará abertura de investigação

Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República decidir se acolhe o pedido de Dallagnol e se instaura um procedimento formal para apurar o caso. Caso isso ocorra, o ministro da Previdência poderá ser alvo de apurações por parte da Receita Federal e do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), órgãos responsáveis por monitorar a origem e o destino de recursos financeiros suspeitos.

A repercussão do caso promete elevar a temperatura política em Brasília, especialmente em meio às discussões sobre a responsabilização de autoridades envolvidas no escândalo previdenciário.

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Bruno Rigacci

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