STF forma maioria para condenar Zambelli a 10 anos por invasão hacker ao CNJ

A Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para condenar a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) a 10 anos de prisão pelos crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica, após a parlamentar ser apontada como mentora da invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em conluio com o hacker Walter Delgatti Neto.

Os ministros Alexandre de Moraes (relator), Flávio Dino e Cristiano Zanin votaram pela condenação da deputada. O julgamento ainda aguarda os votos dos ministros Luiz Fux e Cármen Lúcia, mas a maioria já está formada.

Além da pena privativa de liberdade, o Supremo determinou a perda do mandato parlamentar de Zambelli, a ser efetivada após o trânsito em julgado — quando não houver mais possibilidade de recurso. Também foi fixada uma indenização conjunta de R$ 2 milhões que deverá ser paga por Zambelli e Delgatti.

Acusação de orquestração de crime contra ministro

Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), Zambelli teria instruído Delgatti a invadir os sistemas do CNJ com o objetivo de produzir documentos falsos, incluindo um mandado de prisão fictício contra o ministro Alexandre de Moraes, supostamente assinado por ele mesmo. A ação ainda incluía o plano de bloqueio de contas bancárias do magistrado.

Delgatti, em depoimento à Polícia Federal, afirmou que recebeu dinheiro de Zambelli e a identificou como autora intelectual do crime. A defesa do hacker corroborou essa versão. Já a parlamentar nega todas as acusações e afirma ser vítima de perseguição política.

Defesa tentou adiar julgamento

A defesa de Zambelli tentou adiar o julgamento, solicitando que ele ocorresse no plenário físico do STF, o que permitiria a apresentação de uma sustentação oral presencial. O pedido foi negado pela Corte. Mesmo assim, o advogado Daniel Bialski enviou uma sustentação oral em áudio.

Em nota à imprensa, Zambelli declarou sentir “profundo inconformismo” com a decisão e disse estar sendo perseguida por motivos políticos. “Sigo com a consciência tranquila, pois jamais agi com dolo, violência ou má-fé”, afirmou.

Contexto político e jurídico

A decisão do STF ocorre em meio a um momento de intensas discussões sobre o uso de meios digitais para fins criminosos na política. A condenação da deputada pode ter repercussões diretas em sua atuação no Congresso e no cenário eleitoral de 2026.

Zambelli é conhecida por sua atuação combativa na oposição ao governo e já esteve no centro de outras polêmicas envolvendo condutas digitais.

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Bruno Rigacci

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