Brasil amarga nova vergonha internacional em ranking de governança pública
O Brasil voltou a figurar entre os piores desempenhos do mundo em termos de qualidade da gestão pública. Segundo o ranking mais recente divulgado pelo Banco Mundial, que avalia a eficácia governamental, o país recebeu a nota de -0,27 em uma escala que vai de aproximadamente -2,5 a +2,5 — onde pontuações mais altas indicam melhor governança.
Com esse resultado preocupante, o Brasil superou menos da metade dos países analisados e ficou bem abaixo da média global no relatório de 2023. A pesquisa leva em consideração a capacidade dos governos de oferecerem serviços públicos de qualidade, implementarem políticas eficazes e manterem uma máquina administrativa profissional, livre de pressões partidárias.
Retrocesso institucional
Especialistas classificam a posição do Brasil como um “alerta vermelho”. O país aparece na 68ª posição entre 100 nações, atrás de países com economia e estrutura muito inferiores. A distância em relação às nações com melhor desempenho, como Dinamarca, Finlândia e Suécia, permanece abismal — e o ritmo lento de avanço torna improvável qualquer melhora relevante sem reformas estruturais urgentes.
“O Brasil está parado no tempo. A máquina pública está inchada, ideologizada e ineficiente. A falta de profissionalismo e planejamento estratégico prejudica não apenas os serviços básicos, mas mina a confiança internacional”, explica o analista político Renato Vieira.
Impacto econômico e institucional
O desempenho fraco em governança tem consequências práticas graves. Além de comprometer a oferta de serviços públicos, a má gestão afasta investimentos estrangeiros, reduz a competitividade nacional e gera desconfiança em relação à estabilidade do país.
O relatório ainda reforça que a governança frágil está ligada a fatores como corrupção sistêmica, falta de transparência e aparelhamento estatal, problemas que persistem em diferentes gestões e se intensificaram nos últimos anos, segundo analistas.
Governo na mira de críticas
O governo federal vem sendo alvo de críticas constantes por sua condução administrativa. Casos recentes, como os problemas com o Caixa Tem — agora investigado pela Polícia Federal — e os gastos fora do Orçamento revelados pelo TCU, acentuam a percepção de ineficiência e desorganização.
Enquanto isso, a imagem do Brasil no exterior segue arranhada. “O país precisa urgentemente de uma reforma do Estado que traga eficiência, meritocracia e foco no cidadão. Sem isso, continuaremos sendo vistos como um gigante adormecido, cada vez mais irrelevante no cenário global”, conclui Vieira.