Desconfiança no STF atinge quase metade da população, aponta pesquisa

Uma pesquisa nacional realizada pelo Instituto Opinião revelou que 49,5% dos brasileiros têm pouca ou nenhuma confiança no Supremo Tribunal Federal (STF). O levantamento, que ouviu duas mil pessoas com 16 anos ou mais em todas as regiões do país, aponta para um cenário de crescente desconfiança popular com a mais alta Corte do Judiciário brasileiro.

Os dados foram divulgados nesta semana e refletem a percepção da população em meio a um contexto de forte polarização política e decisões judiciais que marcaram os últimos anos.

Regiões Sul e Sudeste lideram rejeição

A desconfiança é mais acentuada na Região Sul, onde 58,1% dos entrevistados afirmaram confiar pouco ou nada no STF. O Sudeste aparece logo em seguida, com 50,1%, enquanto Norte e Centro-Oeste registraram 50,6% de descrença. No Nordeste, a visão é mais dividida: 41,7% disseram não confiar, enquanto 52,5% afirmaram confiar “muito” ou “um pouco”.

No total nacional, 24,7% afirmaram confiar muito no Supremo, enquanto 22,2% disseram confiar um pouco. Apenas 4% não souberam ou preferiram não opinar.

Envolvimento político pode explicar rejeição

Para o sociólogo e diretor do Instituto Opinião, Arilton Freres, o crescente nível de desconfiança está diretamente relacionado ao protagonismo político do STF nos últimos anos. Segundo ele, o Judiciário passou a ser visto por parte da população como um ator político, o que compromete a imagem de neutralidade da Corte.

“É fundamental que os poderes da República reconectem-se com a população, ampliem a transparência e fortaleçam os canais de escuta. Sem confiança pública, a democracia enfraquece”, afirmou Freres.

Congresso também tem avaliação negativa

Além da Corte Suprema, o levantamento mediu a percepção dos brasileiros sobre o Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados foi considerada “ótima” por apenas 1,4% dos entrevistados e “boa” por 8,2%. A maior parte, 34,8%, classificou o desempenho como “regular”, enquanto 19,7% o consideraram “ruim” e 30,1%, “péssimo”.

O Senado Federal teve avaliação semelhante: apenas 1,6% o consideram “ótimo” e 7,7%, “bom”. Já 35,1% classificaram como “regular”, enquanto 18,2% disseram ser “ruim” e 29,9%, “péssimo”.

Freres destaca que essa percepção negativa está ligada à falta de representatividade:

“Grande parte da população não lembra em quem votou para o Congresso. Isso revela uma crise de representatividade e dificulta a cobrança de resultados, aprofundando a desconexão entre eleitores e seus representantes.”

Perfil dos entrevistados

  • Gênero: 53% mulheres, 47% homens

  • Idade: 24% entre 45 e 59 anos; 14% entre 16 e 24 anos

  • Escolaridade: 40% até o 9º ano; 42% com ensino médio completo; 18% com ensino superior

  • Renda familiar: 46% até dois salários mínimos; 33% entre dois e cinco salários; 21% acima disso

  • Distribuição regional: 42% no Sudeste, 28% no Nordeste, 15% no Sul, 15% no Norte/Centro-Oeste

Com margem de erro de dois pontos percentuais e 95% de nível de confiança, os dados da pesquisa reforçam um sentimento de distanciamento entre a população e as instituições, sobretudo nas regiões historicamente mais críticas ao Judiciário.

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Bruno Rigacci

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