Lula: “Elite do Brasil deveria se olhar no espelho e ter vergonha”

Durante a inauguração do novo campus da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Campos dos Goytacazes, no norte do Rio de Janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) criticou duramente o que chamou de descaso histórico da elite brasileira com a educação. Em discurso enfático, o petista afirmou que “a elite brasileira deveria ter vergonha” por não ter proporcionado o acesso à educação aos mais pobres ao longo da história do país.

Eu acho que a elite brasileira deveria ter vergonha. Deveria se olhar no espelho e ter vergonha, porque precisou um torneiro mecânico, sem diploma universitário, governar este país para ser o presidente que mais fez universidades e institutos federais”, declarou Lula, sob aplausos de apoiadores presentes no evento.

Crítica ao passado e à mentalidade atual

O presidente também relembrou que o Brasil só teve sua primeira universidade federal em 1920, comparando com o Peru, que inaugurou sua primeira em 1554.

A elite que ocupou este país a partir de Portugal só imaginava que a gente fosse indígena, negro, trabalhador e cortador de cana”, afirmou, sugerindo que a falta de investimento em educação tem raízes profundas na desigualdade histórica e no preconceito.

Além das críticas ao passado, Lula também atacou setores do mercado financeiro que, segundo ele, resistem a gastos sociais e educacionais:

Tudo que a gente tenta fazer para o povo, aparece alguém para dizer: ‘Vai gastar demais’. A minha pergunta que não quer calar é: quanto custa não fazer as coisas no tempo correto neste país?”, questionou o presidente.

Investimentos e vaias no evento

O evento marcou a entrega de R$ 74,4 milhões em recursos para a UFF, além de novos anúncios voltados à educação no estado do Rio de Janeiro. Um dos destaques foi o lançamento do edital da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP), que apoiará iniciativas pré-vestibulares voltadas a estudantes de baixa renda.

A cerimônia contou com a presença dos ministros Camilo Santana (Educação), Márcio Macedo (Secretaria-Geral da Presidência) e Renan Filho (Transportes). Também esteve presente o prefeito de Campos, Wladimir Garotinho (PSD), que foi vaiado por parte do público — reflexo das divisões políticas locais e da figura controversa do seu pai, o ex-governador Anthony Garotinho.

Educação como pilar político

O discurso reafirma o compromisso de Lula em colocar a educação no centro de sua política social, além de marcar contraste com governos anteriores e reforçar a narrativa de ascensão social por meio do ensino público gratuito. A crítica à elite e aos economistas liberais sinaliza também a continuidade de embates com setores do mercado que defendem contenção de gastos e ajuste fiscal.

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Bruno Rigacci

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